“A Casa de Mafra, projetada pelo arquiteto João Tiago Aguiar, próxima do Palácio Nacional de Mafra, resulta da combinação de forças inusitadas, unindo o passado e o presente. Mantendo a fachada em ruína da antiga casa existente, foi construída uma habitação de linhas contemporâneas, funcional e visualmente encaixada na envolvente arquitetónica, com a antiga fachada a remeter para o imaginário das casas tradicionais”, diz Sandra Galvão, responsável pela composição dos interiores desta moradia unifamiliar com cerca de 300m², distribuídos por três pisos.
“O muro da Tapada de Mafra, ali muito próximo, serviu de fonte de inspiração e cria uma harmonia perfeita com a fachada recuperada, que passou por um make-up em que foram recuperadas as cantarias existentes, ficando visível a alvenaria secular”, continua a designer de interiores.
“O desenvolvimento do projeto de interiores teve como premissa principal a criação de um ambiente atual, sóbrio e despretensioso, cujo objetivo é o gozo da casa pela família e amigos. Linhas sóbrias e contemporâneas com uma preocupação com o conforto e controlo de custos, privilegiando a funcionalidade dos vários ambientes, em que a luz e a relação com o exterior são o elemento-chave. A dimensão dos vãos, um dos pontos fortes da construção, permite-nos contemplar a envolvente do Palácio Nacional de Mafra”, prossegue Sandra Galvão.
“A base de trabalho foi o preto do chão e o branco das paredes, aos quais se juntam pequenos apontamentos de cor. O interior é dominado por linhas simples e paredes totalmente brancas, que têm como contraponto o pavimento em madeira de carvalho com pigmento preto e o cimento. Parte do mobiliário, de linhas retas, numa filosofia minimalista de ‘menos é mais’, foi produzido de forma a fazer parte da estrutura da casa. Na sala, o destaque vai para uma mesa com pés e tampo em cimento e para a suspensão Aim, da Flos, que surge como um elemento escultórico. Os quartos, depurados, buscam apenas o essencial”.
Fotos: António Moutinho