Fale-nos um pouco sobre o seu percurso…
Nasci na Bretanha em 1992, fui oficial da Marinha Mercante e alguns anos depois decidi deixar os barcos, porque sentia que faltava algo, não estava totalmente realizado. Tornei-me designer e ceramista autodidata. No outono de 2021 criei a minha própria marca de bancos, vasos, mesas, velas, apliques de parede e lustres de porcelana, feitos à mão, entre Lisboa, Paris e Bretanha. E muitos mais objetos estão por vir. Comecei com cerâmica e atualmente incluo um pouco de madeira, metal e mármore. Gostaria de experimentar o vidro.
Qual é o seu material de eleição?
É a argila, a principal matéria usada nas minhas criações. Adoro-a, porque com ela tudo é possível, desde o mais sofisticado ao mais brutalista. Há muitas combinações possíveis entre o vidrado, os pigmentos, os óxidos, a cor da argila, as texturas… Também gosto da madeira. Combina perfeitamente com a cerâmica.
Como define o seu trabalho?
Não sei se existe um estilo que defina o meu trabalho. Diria que procuro a sobriedade nas minhas peças. Moderno, porque pertenço à era atual, e um pouco de brutalismo… As minhas formas são visualmente minimalistas e utilizo sobretudo materiais naturais.
A sua filosofia de vida e visão sobre o design reflete-se na forma como cria?
Sem dúvida. Sou uma pessoa obcecada, determinada e perfeccionista. A minha visão de design é guiada por esses três aspetos. As curvas que utilizo para criar um objeto ou uma decoração servem para que vá direto ao ponto. Trata-se de fazer o olhar de alguém seguir as linhas para chegar ao detalhe principal, aquele que tem de ser visto, e nada mais.
O que o inspira?
A minha inspiração tem raízes sobretudo na Natureza. Podia chamá-la de minha madrinha! Também no Universo, que nos faz sentir tão pequenos. Em termos gerais, tudo o que nos cerca. Pode ser apenas uma palavra, gesto, pôr do sol, música… Por fim, acrescentaria a moda, destacando a alta-costura.
Qual das suas peças é a mais bem-sucedida?
O meu maior sucesso é o banco Jùpiter preto. Não estava à espera, já que é uma peça superforte. Na verdade, é a minha preferida. Vejo-a como uma poesia dark… Os clientes que compram esta peça têm sempre uma personalidade forte. Gosto disso.
E qual o ícone da história do design que gostaria de ter desenhado?
O banquinho (Berger) de Charlotte Perriand. Dá para sentar em qualquer lugar. No canto de uma sala, no topo de uma montanha.
Próximos projetos. O que se segue?
Para breve, o lançamento de uma coleção de mesas e bancos maiores. Neste momento estou a renovar uma casa na região do Oeste, muito perto das Caldas da Rainha, uma zona com um lugar muito importante na história de Portugal. Aprecio bastante esta parte do país. Tenho também entre mãos o projeto de reabilitação de uma casa na Bretanha, perto da costa.
FOTOS: Laurent Gravier (retrato), Alan Louis Studio