Retrato ficcionado do quotidiano-tipo de uma cidade suburbana de classe média-alta americana, Donas de Casa Desesperadas, cuja quinta temporada está actualmente em exibição na Fox Life, estreou- se em 2004 e desde então conquistou audiências um pouco por todo o mundo e valeu às suas protagonistas nomeações e vitórias em vários prémios de televisão – entre eles os Emmy, os Golden Globes e os troféus da Screen Actors Guild. Mas deu-lhes, também, lugares honrosos em tops de mulheres mais bonitas ou mais sexy, como as das revistas masculinas Maxim e FHM americanas. Em entrevistas de promoção da nova temporada, concedidas em exclusivo à CARAS, quatro das seis actrizes que compõem o núcleo duro das amigas/vizinhas de Wisteria Lane – Teri Hatcher (44), Nicolette Sheridan (45), Marcia Cross (47) e a recém-chegada Dana Delany (53) -, asseguram que esta série foi a grande oportunidade das suas carreiras. Opinião partilhada pelas outras duas, Felicity Huffman (46) e Eva Longoria (34), em várias entrevistas concedidas ao longo dos anos.
Garantindo que todas as zangas que lhes foram atribuídas pela imprensa não passaram de tricas que, na verdade, só contribuíram para aumentar a visibilidade da série, todas elas dizem que se divertem imenso juntas e que essa é uma das razões do êxito de Donas de Casa Desesperadas. A outra é, naturalmente, a mistura certa entre drama, comédia e mistério, desenvolvido num conceito de novela, que cria telespectadores dependentes, sempre ansiosos por saber o que vai acontecer no episódio seguinte a cada uma destas personagens, com vidas muito próximas da realidade da maioria das mulheres destas idades e, ao mesmo tempo, diametralmente opostas. Porque, afinal, em Wisteria Lane tudo é levado ao limite e ninguém pode ser considerado "normal".
As características borderline destas seis mulheres – a romântica incurável, a obsessiva com a ordem doméstica, a vítima da aparência, a manipuladora, a super-mulher, a devoradora de maridos alheios -, e de quem as rodeia são, sem dúvida, um dos maiores atributos de Donas de Casa Desesperadas. E, precisamente por essas características extremas, na vida real as intérpretes de Susan, Bree, Gabriella, Katherine, Lynette e Edie não se revêm em absoluto nas suas personagens, mas têm por elas uma simpatia e carinho especiais.
Márcia Cross, a ruiva que dá vida à conservadora, obsessiva e perfeccionista Bree, por exemplo, gostaria de um dia ver a sua personagem soltar-se, tornar-se mais moderna. "Acho que seria interessante que tivesse uma crise de identidade como, em algum ponto na vida, todos nós temos, e se lançasse ao mundo."
A actriz, que em 1993 viu morrer o seu namorado de longa data, Richard Jordan, com um cancro, casou-se, em 2006, com Tom Mahoney (que actualmente também enfrenta um cancro), e meses depois, aos 45 anos, foi mãe das gémeas Eden e Savannah. Marcia assume sem complexos que na vida real é pouco organizada e que todos os dias se sente ela própria ‘desesperada’ no seu papel de mãe. "Sinto sempre que não faço o suficiente. Se tenho uma das crianças ao colo, tenho de pegar na outra… E, ao contrário de Bree, sou desorganizada. Felizmente, tenho ajuda em casa, por isso as coisas até andam arrumadas", explica Marcia.
Teri Hatcher, a eterna romântica à espera do príncipe encantado, também é divorciada e cria sozinha uma filha, Emmerson Rose, de 11 anos, como Susan fez nas primeiras temporadas. Teri reconhece que a personagem é desastrosa na forma de agir, mas que não o faz deliberadamente: "Susan é uma pessoa bem intencionada que quer sempre agradar aos outros, o que a pode levar a situações como a mentira piedosa. O problema dela é que não aprende com os erros."
Ex-noiva do cantor Michael Bolton, Nicolette Sheridan, que interpreta Edie, a loira bombástica e escandalosa que mais problemas causa às amigas, pois não resiste a seduzir-lhes os maridos, diz que é muito mais reservada que a sua dona de casa. "Mas adoro-a, estou viciada nela." Com humor, diz que Edie é "incomprendida", e justifica o facto dela se envolver com os maridos das outras com uma abordagem psicológica: " Edie foi vítima de uma mãe maldosa e tem pouca auto-estima, o que a leva sentir necessidade de estar sempre a conquistar e a manipular os outros."
Dana Delany, a primeira actriz a ser convidada para fazer o papel de Bree, que na altura rejeitou, acabando por ficar para a sua amiga Marcia Cross, foi a última a chegar ao elenco, na quarta temporada, para dar vida a Katherine, uma mulher atormentada pelo passado. Curiosamente, a actriz parece ter tendência para rejeitar papéis vocacionados para o sucesso: Dana poderia ter sido a protagonista numa das séries mais bem sucedidas dos últimos tempos, a Carrie Bradshaw de Sexo e a Cidade, e não aceitou! Na verdade, isso poderá ter uma explicação simples: Dana reconhece, com desassombro, que "é divertido estar numa série com o glamour" de Donas de Casa Desesperadas, mas frisa: "Também sinto necessidade de fazer papéis em que não tenho de me maquilhar e andar sempre elegante."
Veja todas as imagens exclusivas na sua revista CARAS desta semana (edição n.º 716)