No passado dia 15 de Junho,
Armindo Araújo, piloto de ralis, e
Teresa Mendes, psicóloga, ambos de 31 anos, celebraram dois anos de casamento. Entre a internacionalização da carreira do piloto oficial da Mitsubishi Portugal e o nascimento de
Tomás, hoje com 17 meses, o casal solidificou a relação, aprendeu a gerir as ausências e, principalmente, a usufruir ao máximo do crescimento do filho, como nos contaram durante esta sessão fotográfica na sua casa, em Guimarães.
– Estes dois anos parecem ter sido alucinantes para si, Armindo: iniciou a sua carreira internacional, casou-se e foi pai…
Armindo Araújo – É verdade! [risos] O primeiro ano foi mesmo o mais atribulado da minha carreira. Muitas viagens, muitas ausências, o casamento com a Teresa e depois o nascimento do Tomás. De 2007 até agora a minha vida tem sido uma verdadeira aventura. Não tem sido fácil gerir tudo isto, mas o objectivo tem sido sempre conciliar da melhor forma o tempo que passo com o Tomás e com a Teresa e tudo o que a vida de um piloto implica. Por vezes, fica-se com a sensação de que tenho uma vida familiar intermitente, mas sempre que estou em Guimarães tento aproveitar ao máximo o tempo perdido.
– E a experiência da paternidade? Que balanço faz destes 17 meses?
– Estou maravilhado! Ser pai era algo que já desejava há algum tempo e, com o nascimento do Tomás, só confirmei que ainda é melhor do que alguma vez tinha imaginado. O Tomás é um rapaz fantástico, muito bem-disposto e sociável. Por outro lado, ser pai é também uma responsabilidade muito grande e implica alguns sacrifícios, nomeadamente, na vida social, que agora é relegada para segundo plano. A verdade é que ter um filho compensa tudo!
Teresa Mendes – Pelo meu lado, sempre desejei ser mãe, e agora posso dizer que adoro sê-lo. Sempre que estou a brincar com o Tomás sinto-me uma verdadeira criança
– A sua formação profissional acaba por ajudar ou complicar na educação do Tomás?
– É uma vantagem. Por vezes, sinto que sou um pouco severa e que o meu filho é um pouco vítima, [risos] mas isso é largamente compensado por tudo o que lhe dou enquanto mãe. Quando estou com ele, estou mesmo com ele e não a fazer várias coisas ao mesmo tempo.
– Pude observar que o Tomás adora automóveis. Ele já tem a noção do que o pai faz?
Armindo – Penso que sim. O Tomás adora carros, motas e bicicletas e, como se pode ver, aqui em casa não faltam carros nem carrinhos. Como não ligo nada ao futebol, é difícil encontrar uma bola aqui em casa. [risos] Ele tem um fato de competição igual ao meu, que adora, e tem também um carro igual ao que eu utilizo nos ralis. A verdade é que tento, de uma forma saudável, passar o ‘bichinho’ dos automóveis ou, melhor, mostrar-lhe aquilo que faço e a paixão que tenho pela minha actividade.
– Temos mais um piloto na família?
– Não vou forçar nada. O Tomás ainda é muito pequeno e irá seguir aquilo que desejar seguir. A minha grande tarefa, enquanto pai, é proporcionar-lhe o espaço necessário para ele decidir o que quer fazer.
– Falou de uma vida familiar intermitente, de presenças e ausências, em que a Teresa acaba por ter um papel fundamental. Que balanço faz destes dois anos de casamento?
– A nossa relação está muito bem e a nossa vida muito estável. Diria que, com a Teresa e o Tomás, tenho uma vida perfeita. A Teresa tem muita paciência para o Tomás e uma grande compreensão em relação às minhas ausências.
Teresa – Costumo dizer que adoro o meu marido e sou apaixonada pelo meu filho. As ausências do Armindo já são normais, mas reconheço que continuam a ser difíceis de gerir. Muitas vezes sinto mesmo muito a falta dele e o Tomás também já sente um pouco essas ausências. Vamos falando ao telefone para atenuar as saudades. O mais importante é que podemos não estar juntos fisicamente, mas estamos de coração.
– Nessa perfeição encaixa mais um filho?
Armindo – Para já, não está nos nossos planos. Tanto a minha actividade profissional como a da Teresa exigem muito tempo, por isso, para já, queremos é aproveitar ao máximo para estar com o Tomás.
Teresa – Enquanto me lembrar das noites difíceis que o Tomás me deu, não penso em ter mais filhos. [risos] O meu sonho era ter três filhos, mas este é um desejo que está colocado um pouco de parte devido às exigências das nossas profissões. Mas gostaria de ter dois filhos, não digo que não. [risos]
– A profissão do Armindo é uma profissão de risco. Apesar de já estar habituada, ainda sofre até ao momento em que sabe que está tudo bem?
– Sim, ainda se sofre muito. No início quase não conseguia trabalhar. Estava grávida e ficava agarrada ao computador à espera dos resultados e de saber que estava tudo bem. Sofri muito nessa altura, que coincidiu com os ralis da Austrália e do Japão. Agora tenho um escape e tento trabalhar nos dias de prova para me abstrair da situação. Mas a verdade é que só descanso quando o Armindo me liga a dizer que está tudo bem.
– Venceu recentemente o rali de Portugal e continua a lutar pelo primeiro lugar na categoria de produção do WRC (Campeonato Mundial de Ralis). Este é o seu ano?
Armindo – Felizmente está tudo a correr muito bem, e é claro que vencer no meu país foi simplesmente fantástico! Depois de um primeiro ano de alguma adaptação, em que senti ter velocidade suficiente para ganhar o mundial, mas um ou outro problema acabaram por contrariar a minha ambição, este ano vencemos o rali de Portugal e estamos muito bem cotados internacionalmente. Estou muito confiante neste campeonato.
– Diz-se que depois do nascimento de um filho o peso da responsabilidade retira velocidade aos pilotos. É verdade?
– Penso exactamente ao contrário. Quero ser ainda mais rápido para trazer mais taças para o Tomás brincar.
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