Marcantonio del Carlo, de 43 anos, nasceu no Zimbabué, mas cresceu em Itália. A vida trouxe-o para Portugal, país que garante não trocar por nada. Quase por acaso, foi para o Conservatório de Teatro e no fim da primeira aula já estava certo de que queria ser actor. Entre a representação, a encenação e a escrita para teatro, Marcantonio foi construindo uma carreira que lhe tem permitido destacar-se. Apesar das constantes solicitações que tem, o actor faz questão de ter tempo para a família. Ao lado da companheira, a actriz Marta Nunes, de 28 anos, e da filha desta, Salomé, de sete, Marcantonio tem vivido experiências que tornam a sua vida ainda mais rica.
Marcantonio – Sou conhecido porque faço um trabalho que tem uma exposição pública. Não me considero ninguém especial pelo facto de as pessoas me conhecerem na rua. E lido bem com isso, porque a minha relação com a fama acaba aí. Continuo a ser a mesma pessoa e não mudei nada na minha vida.
– É um actor muito requisitado entre os da sua geração. Acha que vive demasiado para o trabalho?– Não. Consigo equilibrar o trabalho com a vida pessoal. Adoro o ócio e sou extremamente preguiçoso. Não gosto de planear as coisas. Sou daquelas pessoas que funcionam sob pressão. Não faço nada de que não goste, nem que me paguem rios de dinheiro. Quando saio do trabalho, sigo a minha vida.
– É normal. Acho que sou uma pessoa chata, porque não faço nada de especial. Sou muito caseiro. Agora vivo na Ericeira e concretizei o meu sonho de viver junto ao mar. Adoro estar em casa e receber amigos. É essa a minha realização.
– A Marta e a Salomé devem ser um óptimo motivo para estar em casa…– Não é por acaso que digo à Marta e à Salomé que são os meus degraus. São a minha estabilidade. Nós somos feitos para estar com alguém e para constituir família. Já houve tempos em que acreditei que queria ficar sozinho, porque sou um chato, mas já não acredito nisso. E elas dão-me esse bem-estar. Viver a dois é das coisas mais complicadas que há. E encontrar essa estabilidade ao lado de alguém é a maior felicidade, mais do que ganhar muito dinheiro ou ter grandes carros. É fantástico quando se encontra a pessoa certa.
– A Salomé já despertou em si a vontade de ser pai?– Nunca pensei nisso. A Salomé entrou na minha vida de uma forma muito natural. O dia-a-dia de pai é absolutamente natural. As crianças são fantásticas.