Henrique Sá Pessoa, de 33 anos, começou a ‘desenrascar-se’ na cozinha quando era ainda adolescente. Rapidamente ganhou o jeito e partiu para voos mais altos: esteve fora de Portugal, adquiriu experiência e apaixonou-se por uma australiana,
Natalie, com quem se casou e teve uma filha,
Inês, de três anos, que é hoje a grande prioridade da sua vida. A outra é o restaurante Alma, em Santos, um sonho tornado realidade. O cozinheiro acabou por divorciar-se, mas manteve a amizade pela agora ex-mulher, que continua a viver em Portugal e com quem continua a partilhar a educação da filha. Henrique voltou, entretanto, a apaixonar-se por
Susana Montenegro, de 29 anos. Foi com ela e Inês que Henrique passou um fim-de-semana na Disneyland Resort Paris.
– Como foram estes dias na Disneyland Paris?
Henrique Sá Pessoa – Super-divertidos. Apesar de ter ido com a minha filha e esta viagem ter sido mais para ela que para mim, senti-me de novo criança. A verdade é que acabamos por sentir a magia e recuamos no tempo.
– E como é que a sua filha reagiu?
– Comecei a criar-lhe alguma expectativa duas semanas antes de partirmos, dizia-lhe que íamos a casa do Mickey, uns dias antes ela já estava louca. E, quando chegou, ficou completamente deslumbrada, maravilhada.
– Foi a primeira viagem dela?
– Não. A mãe é australiana, por isso ela já está habituada a viajar. Faz agora dois anos que estivemos todos na Austrália, quando ainda estava casado com a Natalie, e ela vai regressar agora. Vai lá passar o Natal com a mãe. Agora esta viagem à Disney foi realmente diferente, porque foi mesmo para ela. Se bem que, de alguma forma, serviu também para eu poder passar um fim-de-semana inteiramente dedicado à minha filha, sem telemóvel, sem nada. E para antecipar um pouco o Natal, em que não vamos estar juntos.
– É bom para a educação da sua filha esta multiculturalidade?
– Claro que sim. Ela fala mais português, por exemplo, mas também já fala inglês. Está todos os dias com a mãe e falam muito em inglês. E, no futuro, pode sempre optar por estudar e trabalhar cá ou na Austrália, porque tem as duas nacionalidades. São oportunidades que outras crianças não têm e que podem ser muito positivas para ela.
– Ela passa mais tempo consigo ou está mais com a mãe?
– Está mais tempo com a mãe, porque a minha vida profissional é mais complicada. Mas, felizmente, moramos muito perto um do outro. Porque a Natalie decidiu ficar em Portugal, apesar de nos termos separado, e ainda bem. Somos muito amigos, na verdade, e isso é bom.
– Foi uma separação amigável?
– Sim, foi tudo tranquilo. A prioridade para nós foi sempre resguardar a Inês e garantir a sua educação de uma forma o mais saudável possível, e temos conseguido isso, felizmente. E, depois, a lei do divórcio mudou, hoje já não há aquela coisa de o pai só poder ver a filha de quinze em quinze dias. Comigo e com a Natalie nunca foi assim. Estou com a minha filha sempre que quero, vou buscá-la à escola várias vezes… E a Inês sente isso, que os pais comunicam, são amigos e só querem o bem dela.
– Entretanto conheceu a Susana…
– Sim, estou com ela há cerca de quatro meses.
– E como é a relação da Susana com a sua filha?
– É óbvio que as crianças sentem muito a presença de pessoas novas. Mas a Susana é uma pessoa supersensível e sabe que ao iniciar uma relação com uma pessoa que já tem um filho tem que fazer um esforço para que tudo corra bem. Ela faz isso de uma forma muito natural, e a Inês responde muito bem.
– A Disney ajudou a reforçar a relação entre todos?
– Sim, muito. Foi a primeira vez que passámos um fim-de-semana juntos e foi uma boa altura para fortalecer a relação, não só a minha com a Susana, como a dela com a Inês, e até a dos três.
– Conheceu a Susana no seu meio profissional?
– Não. Conhecia-a através da relações-públicas do Alma. A Susana trabalha em marketing, e está também a fazer o mestrado nessa área, pelo que acaba por relacionar-se comigo profissionalmente, pois aconselha-me bastante. Mas foi engraçado, porque ela não sabia quem eu era. E ainda bem, porque é bom conhecer uma pessoa que está desligada do meu mundo mediático, dessa parte mais exposta da minha profissão.
– Acredita que se pode conquistar uma mulher pelo estômago?
– Acredito. No caso da Susana, não foi bem assim, mas à medida que nos fomos envolvendo e ela foi desfrutando um pouco da minha cozinha, é óbvio que isso se tornou uma mais-valia. [risos] O package completo é sempre mais interessante. Penso que impressiona mais uma mulher um jantar confeccionado em casa, à luz das velas, do que levá-la ao melhor restaurante da cidade. Acho que há um certo sex appeal num homem a cozinhar. Até porque comer tende a ser uma experiência sensorial, o cheiro, os aromas, o sabor… Todo esse ambiente é muito afrodisíaco.
– Sente prazer em cozinhar num âmbito não profissional?
– Sim. As pessoas pensam que os cozinheiros, quando chegam a casa, não querem cozinhar, mas não é assim. Agora não faço é obras de arte em casa.
– A sua filha já começou a despertar para a cozinha ou, pelo menos, para os paladares?
– Sim, por acaso já. A Inês é muito esquisita e exigente com a comida.
– A sua apetência para a cozinha começou cedo?
– Não. Eu não era como a minha filha. Quando era miúdo, comia muito mal, tinha asma, que é uma doença que tira o apetite. Até aos dez, onze anos, fui alimentado a vitaminas. A partir daí, comecei a praticar desporto, a asma desapareceu, e o apetite apareceu. Comecei, então, a sentir necessidade de me desenrascar a cozinhar. Correu bem e, a partir daí, comecei a dedicar-me a esta carreira.
– Tem objectivos bem definidos e tem vindo a cumprir os seus sonhos… Há algum por realizar?
– O meu primeiro grande objectivo e sonho era o que hoje é o Alma, o meu restaurante. Estou a viver um sonho. Mas para o manter e continuar a vivê-lo, tenho de cuidar dele o melhor possível. O próximo objectivo é conseguir tornar o Alma uma referência. Tenho a sorte de ter um sócio fantástico e que todos os dias empresta dedicação e energia a este projecto, tal como todos os outros colaboradores.
– Quer dar-nos alguns conselhos para a ementa de Natal?
– Primeiro, não há como fugir ao peru e ao bacalhau. Posso gostar de uma cozinha muito moderna e de seguir tendências, mas aí sou o mais tradicionalista que há. Podemos é inovar na forma como confeccionamos, usar castanhas, couves-de-bruxelas, bacon italiano, fazer bacalhau assado em vez de cozido. Faço muitos acompanhamentos diferentes, como abóbora ou legumes assados, por exemplo. Nos doces, prefiro coisas mais leves, apesar de não dispensar os sonhos e as filhós. Acima de tudo, no Natal, o importante é mesmo estar à mesa com a família, os amigos, com pessoas com quem não estou quase o ano todo.