Entregou-se completamente à carreira e não se arrepende por isso. Pelo menos até agora. Ana Moura, de 30 anos, desde pequena que se habituou a ouvir os pais a cantarem fado, mas não foi por isso que perseguiu esse sonho. Foi completamente por acaso que esta voz do fado contemporâneo começou a cantar.
Tinha 19 anos, tinha terminado o 12.º ano, quando se inscreveu num curso de canto lírico e, ao mesmo tempo, procurava o seu primeiro emprego. Encontrou-o num bar em Carcavelos onde aos domingos se cantava fado. Arriscou. Cantou temas de Amália e de Dulce Pontes. E foi o guitarrista António Parreira que reparou nela. Daí até ir cantar para o Sr. Vinho, pela mão de Maria da Fé, foi um instante.
Em 2003, Ana Moura, natural de Coruche, edita Guarda-me a Vida na Mão, que conquista a crítica e recebe grandes elogios por parte da Comunicação Social. Inicia as digressões pelo mundo. Um ano depois tem repertório para mais um álbum. Aconteceu engloba o fado clássico e o fado tradicional. Actua no Carnegie Hall de Nova Iorque. Seguem-se Holanda, França, China.
Ana Moura estava mais que implantada no mercado da música. Recebe uma nomeação para os Edison Awards. Entretanto, os membros dos Rolling Stones, numa passagem pelo Japão, ouvem um dos seus discos e ficam rendidos à sua voz, tanto que Tim Ries, saxofonista da banda, a convida para fazer parte do segundo disco do Rolling Stones Project.
Começava assim uma ‘relação’ musical. Por isso, quando os Rolling Stones vieram a Portugal para darem o concerto no Estádio de Alvalade, em Junho de 2007, aproveitaram para, na véspera, ir ouvir Ana Moura cantar numa casa de fados. Convidaram-na para assistir ao concerto. e quando já estava entrar no estádio recebeu um telefonema de Tim Ries para subir ao palco e cantar No Expectations ao lado de Mick Jagger.
Nesta altura já o terceiro disco de originais Para Além da Saudade, no qual canta Fausto e Amélia Muge, tinha chegado às rádios. Mantém-se no top mais de 70 semanas. Chega a disco de platina, com 20 mil cópias vendidas. Por este trabalho é ainda galardoada com o Prémio Amália para Melhor Intérprete.
Em 2008 gravou o primeiro DVD ao vivo num concerto memorável no Coliseu dos Recreios e ainda participou num espectáculo de homenagem a Amália que decorreu no Campo Pequeno.
2009 fica marcado pelo lançamento do seu disco Leva-me aos Fados e pela presença de Prince num concerto que Ana Moura deu em Paris, há um ano. O músico confessou-se fã do seu fado e tornaram-se amigos, tanto que em Julho último, Prince viajou até ao nosso país e foi conhecer a noite lisboeta pela mão da fadista. Fizeram uma parceria musical e muito em breve poderá haver um projecto a dois.
OIÇA A MÚSICA ‘LEVA-ME AOS FADOS’: