Aos 30 anos,
Leonor Poeiras parece ter encontrado um ponto de equilíbrio perfeito. A apresentadora gosta da pessoa que é e da vida que tem. Os afetos são o que mais valoriza e, por isso, o marido,
Miguel Braga, responsável pela produtora Buenos Aires Filmes, com quem é casada há cinco anos, o filho,
António, de três, a restante família e os amigos fazem da sua vida uma história feliz
"que me enche as medidas", diz.
Durante uma tarde passada num palacete do Estoril, Leonor Poeiras partilhou com a CARAS o que a faz sentir-se uma mulher realizada, explicando ainda como conseguiu perder vários quilos e ficar com uma silhueta que combina na perfeição com o seu lado mais feminino.
– Estamos habituados a vê-la descontraída, mas, pelos vistos, tem um lado sensual e mais feminino…
Leonor Poeiras – Se calhar essa minha versão vive numa parte mais privada, que ficou agora mais evidente nesta produção, mas há um lado em mim que é assim e que gosto de explorar de vez em quando. Adoro que me ‘produzam’! Eu até sou supervaidosa, mas não tenho talento para me produzir. Quando sinto vontade de ter outra postura, outro vestido, outro penteado, arrisco e sou bastante ousada. Mas peço sempre a alguém que me ajude.
– Mas a Leonor que se vê na televisão não é nenhuma personagem criada por si…
– Não! Sou muito espontânea, transparente, e se tiver espetadores fiéis, eles conhecem-me. Era muito frequente, quando apresentava o
Quem Quer Ganha, um programa muito familiar, à hora do lanche, falar constantemente do meu marido, do meu filho, o que ia fazer para o jantar… Sei que as pessoas que me estavam a ver achavam alguma graça a esse discurso. Abria o livro da minha vida, o que não é muito comum.
–
A Casa dos Segredos, programa que apresenta juntamente com Pedro Granger e Júlia Pinheiro, é um desafio à sua medida ou teve de se adaptar a ele?
– Estou num registo muito diferente, mas penso que é muito importante um apresentador de televisão saber adaptar-se ao público que o vê. A postura, a imagem, a linguagem têm de ser adaptadas. Mas até agora todos os programas que fiz foram do meu agrado e este não é exceção.
– Este é um programa que lhe dá mais mediatismo. Gosta dessa sensação?
– Trabalhar neste meio implica alguma vaidade, mas não tenho necessidade de protagonismo a trabalhar, porque acredito que vou fazer isto muitos anos e sei perfeitamente estar no meu lugar. Não sinto inveja de ninguém, quanto muito, admiro o trabalho de várias pessoas. Ainda estou a encontrar o meu estilo e tenho uma vida pela frente para fazer programas em dupla, sozinha, concursos,
talkshows… Estou aberta a várias possibilidades. Eu preciso é de protagonismo em casa, aí sim, mas no trabalho não.
– Gosta de ser a única mulher no meio dos seus dois homens?
– Adoro, porque não preciso de pedir atenção! Em casa sou rainha à séria. E na maior parte do dia concentram as suas atenções em mim. [risos]
– Como é que tem sido gerir a vossa vida de casal com um filho de três anos que, acredito, exige muito da vossa atenção…
– Tem sido muito fácil. Nós queríamos muito ter um filho e eu e o Miguel somos muito parecidos na forma de estar na vida, somos ambos descontraídos, não gostamos de aborrecimentos nem de discussões, gostamos de rir e de música… Complementamo-nos na medida em que pensamos a vida da mesma maneira. Tentamos sempre que os dias sejam felizes e, se possível, até memoráveis. Portanto, o António não tem esse tipo de peso na nossa vida. Ele só acrescenta coisas ainda mais leves e felizes. Ele é muito independente, sociável, nada difícil. Acho que a nossa boa disposição passou para o António. Eu e o meu marido temos a capacidade de nos rirmos de nós próprios e não levamos a vida muito a sério.
– Pela sua forma de falar, parece ser uma pessoa de poucos apegos e sem grandes preocupações…
– O mais importante são as pessoas que nos rodeiam e o que sentimos. É um cliché, mas é verdade. O que nos move mesmo é o amor aos amigos, ao trabalho… O não ter apegos tem muito que ver com a maneira como fui educada. Sou a mais nova de cinco irmãos e ficava sempre com o brinquedo de um, os sapatos do outro, e sempre achei isso normalíssimo. Assusta-me muito a ideia de viver para uma coisa, por isso é que não me interessa nada ter um carro topo de gama. De certeza que posso gastar esse dinheiro em coisas bem melhores.
– A Leonor que é hoje é uma mulher muito diferente da que era há dez anos?
– Sim, e daqui a dez anos não vou ser igual àquilo que sou hoje, e ainda bem, porque sou 100% a favor da mudança. Com vinte anos ainda não tinha viajado o que já viajei e não conhecia as pessoas que conheço hoje, e incluo aqui o meu marido, que é obviamente um dos meus pilares. O meu marido abriu-me imenso a cabeça e não é no sentido de ser mais moderna ou livre. Ele criou em mim uma predisposição para ouvir outro tipo de músicas, por exemplo, que eu nem sabia que existiam. Queremos muito partilhar as coisas um com o outro, seja um livro que lemos, uma conversa, uma viagem… E isso vai continuar a acontecer com as pessoas que passam pela minha vida. Mas claro que há um fio condutor na minha personalidade. Sempre fui descontraída, prática, desenrascada e alegre.
– Por detrás dessa assertividade e descontração não há também algumas inseguranças?
– Não, honestamente. Uma das coisas que passamos muito ao António, que também é muito espevitado e vive bem com ele próprio, é autoestima. Gosto de mim, confio no meu trabalho. Com mais ou menos uns quilos, consigo ter autoestima e arranjar forças para viver os dias de forma mais intensa e alegre. Também espero não ter autoestima em excesso, mas gosto muito de mim. Claro que tenho defeitos, mas isso é algo que tenho de trabalhar e não é por isso que me vou odiar!
– Nos últimos meses, a Leonor emagreceu bastante. Porquê?
– Emagreci e estou com o corpo que tinha na faculdade. Sempre tive autoestima mesmo com uns quilos a mais. Antes tinha de saber disfarçar aqui e acolá, mas qualquer mulher faz isso e nunca me complexou! O que aconteceu foi que há um ano tive uma tomada de consciência e apercebi-me de que queria viver imensos anos, não queria ter doenças, queria que o meu filho fosse saudável e que o Miguel ficasse cá muitos anos, e quando vi que o António bebeu meia lata de coca-cola de seguida, fiquei chocada. Então, decidi que ia acabar com tudo o que me fizesse mal. Continuo a adorar doces, mas mudei radicalmente a minha alimentação e passei a comer exatamente o que comia em casa dos meus pais. Deixei praticamente de beber leite, como um bocadinho menos de carne, como um bocadinho mais de peixe e deixei de repetir ao jantar. E danço em casa, não gosto de ir para ginásios. Não estou mais vaidosa, mas acho que assim fico melhor.
– Numa família em que há cinco irmãos, acredito que haja muitas memórias natalícias…
– Há a memória de muitos Natais à lareira, em Tomar, com presentes inventados por nós. Às vezes dava uma camisola à minha irmã que sabia que ela adorava, mas que era minha. [risos] Agora tenho um Natal diferente, cheio de miúdos e que me enche as medidas.
– Gostaria de formar uma família assim numerosa?
– Não, jamais teria cinco filhos! Não sei se teria a capacidade de ter tantos filhos, porque prezo muito a minha vida adulta. Como era a mais nova, crescer e ver que já não sou uma criança sabe-me muito bem. E é uma delícia dedicar-me em exclusivo ao António, é isso que eu e o Miguel queremos. Quando nos quisermos dedicar a mais um, ele chegará. Por agora, quero namorar e viajar.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.