Entrou no mundo da moda com 21 anos, deixando para trás o curso de Psicologia, que ficou incompleto. Enquanto modelo, foi viajando pelo mundo até decidir abraçar a carreira de ator, sendo distinguido em 1996 com o Globo de Ouro de Ator Revelação. Com provas dadas no mundo da representação, Paulo Pires, de 44 anos, continua a entregar-se de corpo e alma às personagens a que dá vida, mesmo quando isso implica deixar crescer bigode e mantê-lo durante quase um ano! Uma sugestão que partiu de si próprio, por considerar que seria importante para a construção da sua personagem da novela Anjo Meu. “A partir do momento em que dispo a roupa do personagem, apetecia-me tirar também o bigode, mas não dá”, confessou o ator à CARAS durante uma viagem que fez a Barcelona a convite de uma marca de relógios. Esse foi o ponto de partida para uma conversa na qual falou da importância da imagem, tanto na sua vida profissional como pessoal.
– Barcelona é uma das suas cidades preferidas. O que o seduz nesta cidade?
Paulo Pires – Tem mar, montanha e nota-se que existe qualidade de vida. É uma cidade que me agrada imenso, bonita e o clima é bom.
– Sente que aqui as pessoas o reconhecem? Afinal, já participou em séries e telefilmes espanhóis…
– Algumas sim, outras ficam na dúvida, e outras nunca me viram, claro. Espanha também é um país muito diferente do nosso, com outras dimensões. Em Portugal conseguimos dar nas vistas muito mais rapidamente do que aqui.
– Voltou a ser escolhido para galã de uma novela. Considera-se um homem vaidoso?
– Acho que sim. Não acho que seja demasiado vaidoso, mas gosto de sair à rua de acordo com a imagem que me apetece ter, ou pelo menos a mais aproximada possível. De uma forma geral, tenho os meus cuidados mas, até porque trabalhei na moda durante alguns anos, mas acho que há casos de gente mais vaidosa que eu.
– Mas essa preocupação com a imagem virá da escola da moda, certo?
– Talvez, sim. Hoje em dia vive-se muito da imagem, sobretudo neste meio. A imagem também é importante para um ator, mas não chega, é preciso algo mais do que a embalagem.
– É cada vez mais difícil manter um casamento, sobretudo na sua profissão, em que não existem horários. No entanto, o Paulo e a Astrid estão casados há 11 anos…
– Não temos nenhuma fórmula. Tem passado depressa, o que é bom sinal. Conhecemo-nos bastante novos, na Áustria, e já temos muitas histórias para contar, o que é ótimo.
– Fala em inglês com a sua mulher e em português com a Chloë, que, por sua vez, fala em alemão com a mãe. Este bilinguismo da sua filha foi uma opção consciente?
– Quando nos conhecemos, eu não falava uma palavra de alemão nem a Astrid falava português. Na altura, o inglês foi a língua de ligação que ficou. Depois, a Astrid aprendeu português, mas, com o nascimento da Chloë, achámos que seria uma mais-valia para ela falar alemão, e estamos muito contentes por ter feito essa escolha. Uma criança que fale mais línguas, que no dia-a-dia possa comunicar e privar com pessoas de outras culturas, e que também tenha a possibilidade de viajar, é sinal de que lhes estamos a dar mundo, que é algo muito enriquecedor.
– A Chloë tem sete anos. Certamente já terá abordado o tema ‘irmãos’…
– Nunca fez uma grande pressão. Às vezes refere-o a brincar, mas nunca fez esse pedido. Nunca aconteceu.
– As crianças conseguem ser muito subtis…
– Algumas… mas, de uma forma geral, as crianças, quando querem alguma coisa, são pouco subtis, conseguem ser muito persistentes.
– Mas faz parte do vosso projeto de vida ter mais filhos?
– É uma coisa que nunca programámos. Não planeamos muito a vida. A sociedade exerce uma grande pressão sobre os casais para terem filhos e acho que ninguém é obrigado a procriar. Ter um filho é, de facto, a melhor coisa do mundo. O milagre da vida é uma coisa absolutamente fantástica. Mas, como costumo dizer, se não tivermos filhos, teremos outras formas de viver a vida. Não sei o que será o futuro. Logo veremos. Eu prometo pensar no assunto.