Em criança, Vanessa Silva, agora com 30 anos, já dançava, cantava e representava, com o incentivo da família. Aos 15 anos começou a trabalhar profissionalmente e nunca mais parou. Considera-se, por isso, uma sortuda no meio do mundo das artes. A encarnar o papel de Amália Rodrigues em mais uma produção de Filipe la Féria, Uma Noite em Casa de Amália, que estreou a 5 de julho, a cantora vive uma fase de plena felicidade: recentemente concretizou um sonho ao partilhar o palco com Bryan Adams no Rock in Rio, e vive ainda dias felizes junto do bailarino Pedro Bandeira, com quem namora há dois anos.
– Como encara o desafio de interpretar Amália?
Vanessa Silva – A Amália ainda está muito presente na memória das pessoas, o que torna este papel muito desafiante. Vou fazer de Amália aos 48 anos e é difícil imitar alguém que é inimitável, já que tem uma forma muito própria de cantar, de agir e de ser, mas estou muito feliz com esta oportunidade. Não posso caricaturá-la, vou deixar somente que me inspire.
– O fado não é o género musical a que o público a associa neste momento…
– Desde que me conheço que canto fado, mas não faz parte do meu percurso profissional. Mais por opção, já que é uma área muito diferente daquela em que costumo trabalhar e também porque não se identifica muito comigo.
– Está ansiosa com a estreia?
– Estou em pânico [risos]. É um desafio muito diferente daquilo que tenho feito.
– Há menos de um mês partilhou o palco com o Bryan Adams e muita gente achou que seria algo combinado e não espontâneo…
– Faz-me confusão que as pessoas sejam assim em vez de ficarem felizes pelos outros. Eu pedi e rezei muito para que aquele dia chegasse, já que sempre quis estar perto dele, nem que fosse para lhe apertar a mão, mas garanto que até quando saio de casa para ir ao pão vou arranjada, jamais subiria a um palco com a cara naquele estado e com aquelas roupas se soubesse!
– Quando terminou aquele momento, como se sentiu?
– Ainda nem me sinto, não consigo analisar, nem acredito bem que me aconteceu. Acho que vai ser daquelas coisas que vou levar o resto da vida a digerir.
– Mudando um pouco de assunto: apesar de ter somente 30 anos, já é divorciada. Sente que passou por muito?
– Sinto-me realizadíssima. As coisas acabam quando têm de acabar e se voltasse atrás faria tudo exatamente da mesma maneira. Fui feliz enquanto me sentia assim e quando deixei de o ser, parti, que é o que faço quando não estou bem. Neste momento sinto-me realizadíssima com o meu trabalho, o meu namorado, os meus gatos e cães, os meus amigos e a minha família. Realmente, não poderia pedir mais.
– É mais fácil partilhar a vida com alguém que trabalha no mesmo meio?
– Acho que sim, há maior compreensão.
– E há planos a dois?
– O meu lema sempre foi carpe diem… Hoje estou feliz, se amanhã quiser outra coisa… Aceito aquilo que o Universo me der.
– E filhos, estão nos planos?
– Não. Já quis, enquanto fui casada, mas não calhou e agora acho que já não faz sentido. Vivo para trabalhar e sou feliz assim. Prefiro dar prioridade ao meu trabalho e ao pouco tempo que me resta para as pessoas que me são próximas. Adoro crianças, tenho sobrinhos, e julgo que compenso neles.
– Não receia vir a arrepender-se?
– Não, já pensei muito nisso, mas acho que se calhar não fui talhada para isso. Acredito que sou dependente do trabalho, até porque há 13 anos que não tenho férias. Não consigo parar.