Emerson Fittipaldi é uma das grandes lendas
do automobilismo. O piloto brasileiro comemora 40 anos do seu primeiro título
como campeão de Fórmula 1, conquistado em 1972. Dois anos depois repetia a
proeza e a seguir a estes somava muitos outros prémios, títulos e distinções.
Para comemorar a sua carreira, a TW Steel, em conjunto com Fittipaldi, criou um
relógio que foi apresentado em Lisboa numa festa que serviu também para
assinalar as quatro décadas de sucesso do piloto, de 65 anos, que veio a
Portugal com a mulher, Rossana Fanucchi Fittipaldi, de 34.
Em casa ficaram os dois filhos do casal, Emerson, de cinco anos, e Vittoria,
de 21 meses, pelo que esta visita ao nosso país serviu também para Fittipaldi e
a mulher namorarem um pouco. Além de Emerson e Vittoria, Fittipaldi tem mais
cinco filhos: Juliana, de 38 anos, Jayson, de 36, Tatiana,
de 32, Joana, de 24, e Luca, de 22.
– Vai estar pouco tempo em Portugal…
Emerson Fittipaldi – Mas é sempre um prazer estar aqui e tenho muitos
amigos portugueses. Gosto muito da hospitalidade portuguesa, da história, da
cultura, a comida é ótima… É ótimo estarmos aqui.
– Está a comemorar 40 anos de carreira…
– O que é muito especial. Mas passou muito rápido, parece que foi ontem!
– Tem saudades desses tempos?
– Sim, os anos 60 e 70 foram uma época de transformação, de impacto dos jovens
no mundo. Foi uma boa época. Mas há uma frase de que gosto muito e que diz: ‘O
passado é história, o futuro é um mistério, mas o dia de hoje é uma dádiva, por
isso se chama presente’. E acho que o importante é aproveitarmos o presente. E
o homem é como uma bicicleta, se parar, cai. Podemos abrandar, mas não podemos
cair. E agora eu tenho a bênção de ter dois filhos pequenos, sou avô sete
vezes… Ainda tenho muita coisa para fazer!
– Como é ter duas crianças pequeninas?
– Nunca ‘curti’ tanto ter filhos como agora! Os filhos são um presente de Deus.
Quando tive os meus primeiros filhos era muito jovem, não tinha a experiência
de vida que tenho hoje e não conseguia passar para eles tudo o que aprendi.
Hoje respeito muito mais a constituição de uma família, porque é uma
instituição sagrada de Deus. Quando se é muito jovem não se tem essa perceção,
e agora eu tenho. Para mim, a família e as crianças são sagradas.
– Como é a sua relação com a Rossana?
– Foi outra bênção de Deus. Conheci a Rossana há quase 12 anos porque
frequentávamos o mesmo ginásio. Ninguém nos apresentou, foi uma coincidência
termo-nos conhecido, mas o avô dela também tinha sido piloto e foi um dos
primeiros a pilotar um Porsche no Brasil. E ela nem gostava do automobilismo!
– Como gerem a vossa diferença de idades?
– Eu tenho uma idade avançada, mas uma cabeça muito jovem. E ela é muito jovem,
mas com um espírito velho! Então, encontramo-nos no lugar certo!
– Tem uma família grande. Consegue juntar todos os filhos e netos?
– Todos os meus outros filhos vivem nos Estados Unidos e por isso é muito
difícil, mas visito-os de vez em quando e eles gostam muito do Brasil e vão lá
passar férias.
– Dois dos seus netos também já correm. Sente-se feliz por passar essa
paixão?
– Sim, o Pietro, que corre na Nascar, e o irmão, Enzo. Tenho
muito orgulho, mas dei-lhes um conselho: se gostam, então têm de se dedicar e
levar o automobilismo a sério. Eu dei a oportunidade aos meus filhos, mas eles
não gostaram. Mas os meus netos adoram. Vêm mais dois a caminho e pode ser que
eles também gostem!
– Ainda corre nas pistas?
– Estou muito envolvido no mundo do automobilismo, é a minha paixão. Mas,
apesar de, hoje em dia fazer mais demonstrações, ainda não me retirei como
piloto.
– E hoje conduz de outra maneira nas pistas?
– Se estiver numa pista segura, a treinar, ou a testar um carro, quero acelerar
como antes. Com a idade e experiência tomamos outras decisões, mas quando estou
na pista gosto de experimentar a sensação de pilotar um carro rápido. É uma
sensação fantástica!
Emerson Fittipaldi: “A Rossana e os nossos filhos são uma bênção”
“Tenho uma idade avançada, mas uma cabeça muito jovem. A Rossana é jovem, mas tem um espírito velho!” (Emerson Fittipaldi)