Foram horas intermináveis
de grande sofrimento e angústia que só os dias seguintes, e de uma forma
gradual, conseguiram suplantar com alguma paz e tranquilidade. Lili Caneças
viveu “o pior pesadelo da [sua]
vida” naquela que deveria
ter sido uma “viagem de sonho e luxo”.
Tudo aconteceu no dia 7 de julho, quando Lili se encontrava no aeroporto de
Barcelona, com a filha, Rita Caneças, e o neto, Pedro, de 11
anos, a aguardar o transfer para um cruzeiro que iria fazer pelo
Mediterrâneo. De um momento para o outro, a sua mala desapareceu, e com ela os
documentos pessoais, o telemóvel, os cartões de crédito e as suas melhores
joias.
No Algarve, enquanto ainda recuperava do choque, Lili Caneças relatou momentos
de angústia e de revolta pelo sucedido e por tudo aquilo que teve de passar
para chegar a Lisboa: “Sem passaporte, sem dinheiro e sem os contactos
telefónicos que estavam no meu telemóvel, não me restou alternativa a não ser
viajar na cabina de um avião da Portugália, já que não tinha autorização para
deixar o aeroporto. Com um saquinho de plástico na mão e 100 euros emprestados,
senti-me verdadeiramente deportada e também muito maltratada pelas autoridades
espanholas, a quem pretendo apresentar queixa através do embaixador em
Portugal”, explicou, visivelmente irritada, acrescentando: “Se não
tivesse conseguido voltar no mesmo dia graças a um amigo, teria de dormir no
chão do aeroporto. Com exceção do cônsul de Portugal em Barcelona, fui muito
maltratada. Acredite que estava sentada no chão, a chorar devido a tudo o que estava
a acontecer, e um dos polícias obrigou-me a levantar para, segundo ele, poder
falar com a autoridade. Naquele momento eu estava em estado de choque e só
chorava, chorava… Tudo isto é inadmissível e terá de ter consequências”,
avisa.
Depois de ter conseguido regressar a Lisboa – a filha e o neto embarcaram no
navio de cruzeiro –, Lili Caneças iniciou uma “nova aventura” para
conseguir os seus documentos de identificação e para tentar ser ressarcida,
através da seguradora, de parte dos bens furtados, bem como do valor pago pelo
cruzeiro, que acabou por não realizar. “Infelizmente, as joias não estavam
no seguro. Apesar de não terem um profundo valor sentimental, a verdade é que
as peças roubadas estavam avaliadas em 25 mil euros. Sobre esta matéria nada
posso fazer, mas pretendo recuperar o dinheiro da viagem”, reforça Lili,
que recorda ainda os momentos de “grande angústia até conseguir confirmar
que nada tinha acontecido às minhas contas bancárias”. Mas diz o ditado que
um mal nunca vem só, e Lili ainda teve outra surpresa desagradável: “Quando
cheguei, fui logo tratar dos documentos. Paguei as taxas de urgência, mas ainda
não tenho passaporte nem carta de condução. Para azar, fui mandada parar pela
polícia e acabei multada em 250 euros. Como é possível que uma viagem de sonho
acabe por se transformar num filme de terror?”, conclui, transtornada.
Lili Caneças recorda assalto em Espanha: “Sentei-me no chão do aeroporto, a chorar, em estado de choque”
A caminho de um cruzeiro no Mediterrâneo, Lili ficou sem dinheiro nem documentos.
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