Gosta de misturar
técnicas e materiais e assume-se como um pintor eclético, incapaz de encontrar
um estilo que o defina. Para Diogo Navarro, criar é, acima de tudo, uma
necessidade e tanto pode fazê-lo nos imponentes salões do Palácio Nacional da
Ajuda, onde expôs há cerca de um ano, como numa fábrica metalúrgica ou nas ruas
de Xinavave, Moçambique, terra onde nasceu e onde voltou recentemente. O que
criou nestes dois lugares tão distintos resultou na exposição Link of the
Worlds, patente no Museu de História Natural e da Ciência, em Lisboa. “Esta
exposição apresenta a ligação entre mundos que se cruzam e fi-la através do
olhar de outros artistas moçambicanos, pois senti que esta seria a melhor forma
de entender a terra que deixei aos cinco anos”, conta o artista, que partiu
para África sem inspirações pré-definidas, mas com a certeza de um reencontro
com as suas raízes: “Através das pessoas, dos cheiros, da música, acabei por
encontrar as minhas memórias mais distantes. Voltei a sentir aquela energia
única que sentia em criança.”
Desta viagem ‘nasceu’ também um filme documental, realizado por Philippe
Tambwe, seu companheiro de viagem. “Conheci o Philippe dois meses antes
de partir. Parece loucura, mas não existia qualquer guião e apenas tínhamos 18
dias para o fazer. Queríamos que fosse um filme simples e natural, que
mostrasse as diferentes linguagens e realidades artísticas, que desvendasse o
que está por detrás da máscara africana”, revela. Na terra de onde saiu com
cinco anos, Diogo, agora com 40, diz ter vivido momentos mágicos: “Não fui à
procura das diferenças entre o passado e o presente. Preferi encontrar-me nas
pessoas e nas expressões que as caracterizam. Só assim poderia viajar pelo
tempo que não vivi.”
Apesar de ter obras suas em várias embaixadas e em coleções particulares de
todo o mundo, Diogo não trabalha para alimentar currículos ou colecionar
prémios. A arte de criar na sua mais pura essência continua a ser a única coisa
que o move.
Viagem pelos mundos cruzados do artista plástico Diogo Navarro
Na metalúrgica António Jacinto Figueiredo, em Pêro Pinheiro, Diogo Navarro materializou as inspirações de uma recente viagem a Moçambique, terra onde nasceu. O resultado é a exposição ‘Link of the Worlds’, patente no Museu de História Natural e da Ciência.
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