A viverem em Portugal há
dois anos, Thomas Schmutz, de 42 anos, diretor da Volvo Cars Portugal, e
a mulher, Gabriela, de 36, já se sentem em casa, em especial desde que
foram pais de Silas, de sete semanas. Juntos há 14 anos, estão a morar
em Matosinhos e foi com agrado que aceitaram o convite para um fim de semana em
família no Castelo da CARAS, na Pousada Flor da Rosa, no Crato, já que
consideram que todos os momentos de lazer são fundamentais para o bem-estar
familiar.
Foi sobre esta nova fase, mas também sobre a experiência da paternidade e a
forma como se sentem acolhidos pelos portugueses que conversámos com os dois.
– Já se sentem em casa ao fim de dois anos?
Thomas Schmutz – Sim, absolutamente. A adaptação foi muito fácil, já que as
pessoas são muito hospitaleiras e o facto de a nossa casa ser em frente ao rio
também ajuda, já que nos faz lembrar a Suíça. Portugal tem coisas muito
agradáveis como a comida, os restaurantes, os vinhos e, mais uma vez, a
hospitalidade, algo que faz qualquer estrangeiro sentir-se bem.
– E do ponto de vista profissional, também foi fácil?
– Sim, é um pouco diferente, mas gosto muito. Os portugueses têm uma
flexibilidade muito grande que ajuda, eventualmente, a compensar uma capacidade
um pouco menor de planificação. Para já, funciona muito bem. Apesar da crise
que se vive no país, tem sido muito agradável.
– A língua é o maior entrave?
– Como a maioria dos portugueses fala muito bem inglês, não treinamos assim
tanto, mas temos tentado [risos]. Antes de vir para cá via a RTP Internacional
e não compreendia nada, depois, quando chegámos, começámos a ler os jornais e
revistas e compreendemos que há algumas palavras muito similares ao francês,
mas com uma pronúncia completamente diferente. Depois, quando se vive 24 horas
num país, é mais fácil aprender a língua. Tem de ser.
– Mas o Thomas fala melhor do que a Gabriela…
Gabriela – Sim, sem dúvida, pois ele tem mais possibilidades para isso.
Além de que ele também fala francês melhor do que eu, o que facilita. É que a
diferença do alemão para o português é grande, mas já consigo ter uma conversa
[risos].
Thomas – O maior problema é que a Gabriela é perfeccionista e quer dizer os
tempos verbais de forma correta, o que não é fácil.
– Têm noção de quanto tempo permanecerão aqui?
Thomas – Não, não temos uma planificação minuciosa.
– Imagina-se a ver o Silas crescer aqui, ou preferia que isso acontecesse na
Suíça?
– Porque não? Ele nasceu na Suíça por causa do médico da Gabriela, mas não
nos importaríamos de ficar por cá mais tempo.
– Vivem bem com essa incerteza?
Thomas – É uma escolha. Honestamente, vivo muito para a Volvo, e para já
funciona bem.
O meu trabalho é uma paixão, mais do que uma obrigação. Antes de virmos eu
sabia que a Gabri não viria comigo para qualquer país, ela tem uma cabeça forte
e sabe também o que quer. Mas estamos muito felizes com a escolha que fizemos.
Gabriela – Estamos muito gratos, Portugal é um país fantástico.
– Para a Gabriela, como tem sido viver esta experiência da maternidade?
– Está a ser maravilhosa, estou muito feliz. É uma experiência muito
diferente de qualquer uma que vivi até aqui. As noites agora são diferentes
[risos].
– A vossa vida enquanto casal mudou um pouco…
Thomas – Sim, para já ainda não mudou muito, mas certamente que isso irá
acontecer. Já prevejo ter de passar algumas noites no hotel [risos].Mas para
já, ele é um bebé muito calmo.
– Pretendem que o Silas também aprenda português ou em casa só falam alemão?
– A Gabriela fala com ele em alemão e eu em francês. Para já será
suficiente, depois, com o passar dos anos e a nossa situação aqui, logo se
verá.
– A Gabriela deixou um pouco de parte a carreira de psicóloga…
– Sim, com um bebé pequeno é perfeito estar apenas disponível para ele. O
Silas foi muito desejado por nós e queremos estar muito com ele.
– E já planearam este Natal?
Thomas – Iremos para a Suíça, para estar junto da nossa família. Lá é um
pouco diferente do que se vive aqui. Fazemos um fondue de carne, o único
dia em que os suíços não comem queijo, mas tudo o resto é igual a Portugal.
Fazemos a árvore, o presépio, abrimos os presentes às 24 horas, tudo isso, mas
as nossas decorações de Natal são menos luminosas e mais discretas. Mas isso
não é uma coisa negativa, temos apenas uma mentalidade diferente [risos].
Gabriela – Adoro as decorações de Natal daqui, as luzes, os brilhos…
– Tem tido tempo para desfrutar do Silas, ou o trabalho não o permite?
Thomas – No Natal vou ter muito tempo. A minha mulher é fantástica na
organização de todas as coisas e admito que muitas das vezes não estou
disponível, mas ela toma conta de tudo muito bem. Idealmente passarei a ter
mais tempo, até porque tenho uma equipa em Portugal que funciona muito bem.
– Pensam ter mais filhos?
– Ainda não pensamos nisso, é tudo muito recente. Poderá acontecer, vamos
ver…
– Estão juntos há 14 anos. Esta é a primeira vez que moram fora do vosso país?
– Juntos, sim.
– Calculo que para o Thomas seja muito importante ter alguém a seu lado que
apoie a sua carreira.
– Claro que sim, mas a Gabriela também tem muitos hobbies e isso
ajuda.
Gabriela – Faço ioga, caminhadas, muito desporto, mas também gosto de estar
com as minhas
amigas. Estou contente com esta mudança. É muito fácil sentirmo-nos bem aqui e
só estamos a duas horas da Suíça. Só faria sentido assim, é muito importante para
mim estar ao lado do Thomas, somos uma família, agora a três, e só faz sentido
dessa forma.
Gabriela e Thomas Schmutz: Dois suíços apaixonados pelo nosso país
O diretor da Volvo Cars Portugal e a mulher apresentaram o filho, Silas, de sete semanas, e contaram como se sentem felizes por terem trocado o seu país por Portugal.