O sucesso foi incontestável e o número de álbuns vendidos ao longo da sua carreira – mais de 100 milhões, 80 dos quais desde que se lançou a solo – não mente, mas a verdade é que a vida de George Michael foi complicada e marcada pelo consumo de drogas, a luta contra a depressão, várias detenções e os graves problemas de saúde que enfrentou nos últimos anos.
Em 1997, o músico britânico perdeu a mãe, Lesley Angold. Tinham passado apenas dois anos desde a morte do seu namorado, o estilista Anselmo Feleppa, e seguiram-se tempos difíceis, como o próprio confidenciou ao The Independent: “Perder a mãe e um amor no espaço de três anos é algo muito complicado”. Em 2005, em entrevista para o The Guardian, explicou ainda: “Passei por 12 anos de depressão e medo e muitas coisas más. Cheguei a pensar em acabar com a minha vida após a morte da minha mãe. O sentimento de que tudo o que tinha de bom me tinha sido retirado apoderou-se de mim. Eu adorava a minha mãe, respeitava-a muito. Juro por Deus que sentia que tinha uma espada em cima de mim. Não conseguia perceber por que Deus estava a castigar-me tanto. Só via morte à minha volta”.
Aliada a depressão ao consumo de drogas, George Michael envolveu-se em escândalos e foi detido várias vezes. Em 1998, o artista assumiu publicamente a sua homossexualidade após ser preso por atentado ao pudor pelo comportamento impróprio numa casa de banho pública num parque de Beverly Hills, onde se encontrava com o namorado de então, Kenny Goss, com quem manteve uma relação até 2011. Foi então que assumiu, em entrevista à CNN, que era homossexual. “Curiosamente, a minha vida não ficou facilitada quando assumi a minha sexualidade. Aconteceu precisamente o contrário. A imprensa parece ter adorado o facto de eu anteriormente ter um público ‘heterossexual’ e tentou descredibilizar-me perante ele. E penso também que muitos homens se sentem frustrados porque as suas mulheres acreditam que o George Michael apenas ainda não encontrou a mulher certa. O que, na realidade, muita gente da minha família também pensa”, explicou à BBC em 2014.
Sete anos antes, o cantor já tinha falado dos danos psicológicos que sofreu por esconder as suas opções sexuais do público, algo que diz ter feito pela mãe. “Eu era muito imaturo para perceber o quanto estava a sacrificar-me e o mal que isso poderia causar-me. Como tal, inicialmente, sabendo que eu adorava a minha família e a homossexualidade estava muito associada à SIDA nos anos 80 e 90, quis poupar a minha mãe dessas preocupações. Eu sei que todos os dias da vida dela teriam sido um pesadelo por estar constantemente a pensar que eu poderia ficar doente”, lembrou.
Em 2006, 2008 e 2010, Michael foi detido por consumo e posse de drogas. Na primeira ocasião, foi abordado pela polícia londrina quando tinha canábis na sua posse, isto apenas alguns meses após ter sido encontrado a dormir ao volante do seu carro, também na capital britânica e sob o efeito de estupefacientes. Na última, o cantor estava a regressar da Gay Pride quando foi preso por conduzir sob influência de álcool e drogas. Declarou-se culpado, foi condenado a oito semanas de prisão e inibido de conduzir durante cinco anos, mas foi libertado após quatro semanas. “Eu sentia que tinha de fazer algo por mim. A droga fez-me sair do estado de negação em que me encontrava relativamente à minha sexualidade. Após ter sido preso comecei a receber aconselhamento especializado e cheguei a passar duas semanas em desintoxicação, mas nunca falei disso publicamente. Agora sinto que isso faz parte do passado, e faz mesmo”, revelou.
Mais recentemente, a saúde de George Michael também lhe pregou algumas partidas. Em outubro de 2011, por exemplo, foi hospitalizado de urgência em Viena, Áustria, onde se encontrava em digressão quando uma pneumonia o deixou à “beira da morte”, palavras do próprio. Ficou internado durante um mês, sendo que esteve em coma cerca de 20 dias.
Em 2013, sofreu ferimentos na cabeça após ser projetado do seu carro na sequência de um aparatoso acidente numa autoestrada inglesa. Ficou hospitalizado duas semanas.
George Michael morreu este domingo, 25 de dezembro, “serenamente em casa”, como anunciou o seu agente. A imprensa internacional adianta que na origem da morte está uma falha cardíaca. Tinha 53 anos.
George Michael: Uma vida de excessos
Drogas, depressão e prisão marcaram a vida do cantor britânico, que morreu este domingo, 25 de dezembro, aos 53 anos.
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