Desde a sua primeira edição, há 12 anos, que a cerimónia de entrega do Prémio Champalimaud de Visão reúne dezenas de personalidades, mas este ano juntaram-se ainda mais e a razão foi dada a conhecer a meio da cerimónia: é que, além do prémio de um milhão de euros, este ano atribuído a três equipas de cientistas ingleses e americanos – que descobriram e desenvolveram uma terapia genética para a amaurose congénita de Leber, uma forma de cegueira infantil –, foi ainda dado a conhecer o próximo projeto da Fundação, a construção de um centro de pesquisa e tratamento do cancro do pâncreas, conseguida graças à doação de 50 milhões de euros da família dos fundadores da Danone, Mauricio Botton Carasso e Charlotte Botton, que estiveram presentes. “Hoje é um dia muito incomum. É, como sempre, o momento em que celebramos o nosso fundador, António Champalimaud, e hoje, além de celebrarmos os vencedores deste prémio, temos o privilégio de assinalar o início da construção do Centro Botton-Champalimaud para o cancro do pâncreas. É um dia muito feliz e que muito nos orgulha a todos”, declarou a presidente da Fundação, Leonor Beleza.
Ainda antes de os convidados terem conhecimento desta notícia, que surpreendeu toda a gente pela positiva, muitos foram os que, além de elogiarem este prémio, recordaram com carinho António Champalimaud. “Este é um verdadeiro Prémio Nobel na área da visão e deve-se a um homem que demonstrou uma notável generosidade quando o país talvez não o tenha tratado assim tão bem, tendo em conta a riqueza que ele criou em postos de trabalho”, lembrou Aníbal Cavaco Silva, que presidiu a esta cerimónia durante dez anos, enquanto Presidente da República. Também Maria Elisa evocou memórias da relação com o homenageado: “Conheci-o muito bem e a única entrevista que António Champalimaud deu para a RTP foi a mim. Fiz uma grande viagem com ele pelo Brasil e acho que ele foi um dos grandes injustiçados de Portugal.”
fotos: Paulo Jorge Figueiredo