Zeferino Biscaia Fraga estava destinado a seguir Direito, mas a sua paixão pela Medicina levou-o a contrariar o pai, algo impensável no regime patriarcal em que vivia. A rebeldia resultou e o penúltimo de seis filhos, todos rapazes, veio para Lisboa estudar e tornar-se médico.
Passadas várias décadas, o cirurgião plástico olha com ternura para os seus tempos de juventude e até reconhece algum mérito na educação rígida que recebeu. Contudo, quando chegou a sua vez de educar, fez tudo, ou quase tudo, diferente, como comprovam Mónica, de 40 anos, Marta, de 31, Sara, de 29, e João, de 22. Flexível, compreensivo, mas sem descurar as regras, é assim que Biscaia Fraga se define enquanto pai. Já enquanto avô o seu lema é fazer as vontades às netas.
Durante uma manhã passada na sua casa, no Restelo, o cirurgião plástico posou ao lado da filha Sara e da neta Rosarinho, de quatro anos, e partilhou como vive os seus vários papéis. A esta conversa descontraída juntou-se a nutricionista, que revelou à CARAS o lado mais privado do pai.
– Esta casa faz parte da sua vida há relativamente pouco tempo…
Zeferino Biscaia Fraga – Sim, há cerca de oito anos. Vivia nas Torres do Restelo, junto ao Hospital de S. Francisco Xavier, mas como a família estava a crescer, procurei uma moradia. Fiz uma remodelação completa, sobretudo no interior. Esta casa foi construída há cerca de 60 anos por um ator muito famoso que se chamava Rogério Paulo e foram os seus três descendentes que ma venderam. Posso dizer que fiz uma plástica a esta casa. [Risos.]
– Sente que agora, que já não tem nada a provar do ponto de vista profissional e que os seus filhos são independentes, tem mais tempo para se dedicar à sua casa, à família e até aos seus hobbies?
– Noto que agora tenho mais calma. Antes, as emoções sobrepunham-se ao lado racional. E agora dá-se o fenómeno oposto. Mas vivo muito as emoções, sobretudo junto da minha família. É engraçado, porque os meus filhos e as minhas netas procuram-me muito, o que surpreende bastante os meus amigos. Com eles isso não acontece. São os meus amigos que têm de procurar os filhos e netos. Não sei, é um fenómeno curioso.
Sara Biscaia Fraga – Se o nosso pai não nos procura, temos de ser nós a procurá-lo! Os pais das minhas amigas ligam-lhes, porque acabam por se sentir mais sozinhos. O meu pai é precisamente o contrário. Tem sempre programas para fazer. Por isso, se queremos estar com ele, temos de o procurar. [Risos.]
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1226 da revista CARAS.
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