As mortes e tragédias no poderoso clã Kennedy têm-se sucedido ao longo dos anos, de tal forma que parece realmente justificar-se que se fale em maldição. No último dia 1 de agosto, Saoirse Kennedy Hills, de 22 anos, foi encontrada morta na famosa mansão de férias da família, em Hyannis Port, Cape Cod, tendo sido avançado que a causa da morte poderá ter sido overdose. Vários membros da família prestaram homenagens à jovem nas redes sociais e foi mesmo emitido um comunicado onde diziam: “Os nossos corações estão destroçados com a perda da nossa amada Saoirse. A sua vida estava cheia de esperança, promessas e amor.” O comunicado incluía ainda uma frase da avó da jovem, Ethel, de 91 anos, que enterrou dois filhos jovens: “O mundo ficou um pouco mais feio hoje.”
Entretanto, Patrick Kennedy – filho do polémico senador Edward “Ted” Kennedy (1932-2009) e primo direito da mãe da jovem, Courtney Kennedy Hill –, um antigo congressista que em 2011 abandonou a carreira política para se concentrar na sua luta contra a adição de drogas e a doença bipolar, louvou Saoirse por em 2016 ter assumido publicamente uma depressão crónica. “O relato sincero de Saoirse sobre a sua depressão é uma poderosa chamada de atenção para o que muita gente sofre sozinha e se sente isolada. (…) Ela é uma heroína para a nossa família”, referiu Patrick à NBC News.
Saoirse, que era neta do senador democrata Robert “Bob” Kennedy, assassinado aos 42 anos durante a campanha para as primárias das eleições presidenciais de 1968, tinha apenas 19 anos quando publicou um texto no jornal da sua escola em que assumia a depressão e que tinha tentado suicidar-se na sequência de um abuso sexual: “A minha depressão manifestou-se mais intensamente no início do liceu e ficará comigo para o resto da vida. (…) Apesar de eu ter sido uma criança maioritariamente feliz, sofri surtos de profunda tristeza, que me faziam sentir como se tivesse um fardo pesado no peito.” Um desabafo que deixa em aberto a hipótese de suicídio.
A saga de acontecimentos trágicos que têm marcado o poderoso clã Kennedy começou na geração dos nove filhos do empresário, investidor e político Joseph Patrick Kennedy e da sua mulher, Rose, que se casaram em 1914. A primeira das cinco raparigas, Rosemary, nasceu em 1918 com uma deficiência mental. Na esperança de melhorar a situação, em 1941 foi submetida a uma lobotomia que a deixou em estado vegetativo até à data da sua morte, em 2005. O primogénito, Joseph, no qual o pai depositava grandes esperanças de uma carreira política, alistou-se no Exército Aliado e morreu na explosão de um avião em Inglaterra, em 1944. Kathleen, nascida em 1920, ficou viúva aos 24 anos, pois o seu marido, o lorde inglês William Cavendish, marquês de Hartington, também foi morto em combate em 1944. Ela própria só viveria mais quatro anos, sendo vítima de um acidente de avião no Sul de França. O segundo rapaz, John F. Kennedy, que seria eleito Presidente dos EUA em 1961, foi assassinado por um atirador furtivo durante uma visita a Dallas, em novembro de 1963. Seguiu-se, em 1968, o já referido assassinato de Bob. No ano seguinte, o irmão mais novo, Ted, teve um acidente de automóvel do qual saiu ileso mas que provocou a morte da sua secretária e alegada amante.
Na geração seguinte continuaram os dramas. Em 1973, Joseph P. Kennedy II teve um acidente de viação com um amigo que ficou tetraplégico. Nesse mesmo ano, Edward “Ted” Kennedy Jr. foi amputado a uma perna devido a um cancro dos ossos, com apenas 12 anos. Em 1984, David Kennedy, filho de Bob e Ethel, foi encontrado morto num hotel de Palm Beach, vítima de overdose. Em 1997, o seu irmão Michael não resistiu a um embate numa árvore enquanto praticava esqui em Aspen. Dois anos depois, o filho do antigo Presidente e de Jacqueline Kennedy Onassis, John John Kennedy, de 38 anos, a mulher e a cunhada morreram num acidente de avião. Em 2012, a ex-mulher de Robert Kennedy Jr., Mary, de 52 anos, suicidou-se, ao que tudo indica por não ter superado a separação.
Clã Kennedy: uma família marcada por uma saga de acontecimentos trágicos
A neta de Bob Kennedy apareceu morta na mítica casa de férias da família, em Hyannis Port, Cape Cod, aparentemente de “overdose”.
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