
Aos 65 anos, Rita Ferro não se acomoda em lugares-comuns. Pondo-se em causa e propondo-se a novos desafios, a escritora não receia a mudança, a solidão, nem tão-pouco a tristeza, que lhe chega em doses generosas, como convém a quem é douta em palavras e na condição humana, qualidades que já lhe valeram o prémio PEN Clube Português de Narrativa. É esta mulher complexa, que se afigura como juíza em causa própria, que se revela no seu diário 3, Os Pássaros Cantam em Grego.
A mudança para o Ribatejo, que a deixou longe dos seus e da vida em ebulição da cidade, os medos que chegam com a idade e as memórias de um passado em constante escrutínio dão vida e emoção a mais de 230 páginas confessionais, que discorrem sem queixumes e com uma expectativa declarada num futuro excitante que é seu por direito.
No lugar a que agora chama casa, Rita Ferro mostra-se tal como é, com as devidas reservas e a “elegância” que se impõe sempre que assume o papel de protagonista. Ora luminosa, ora sombria, uns dias esperançosa, noutros melancólica, a escritora deixa-nos espreitar a sua vida, que tem sido uma viagem e tanto.
Uma entrevista para ler na íntegra na edição 1316 da revista CARAS.