A formação como atriz tem sido feita em tempo real, mas não impediu o crescimento profissional de Anya Taylor-Joy, de 24 anos: depois de um percurso que lhe pôs no caminho filmes como The Witch – A Bruxa, que logo em 2015 lhe deu alguns prémios, Morgan – A Evolução ou Fragmentado, de M. Night Shyamalan, e que a rotularam como atriz de filmes de terror, vai suceder a Charlize Theron como protagonista do próximo episódio da saga Mad Max, um género mais transversal, que lhe permite deixar os rótulos para trás. O que de certa forma já estava a acontecer com uma das novas sensações da plataforma Netflix, a minissérie Gambito de Dama, onde o papel de uma órfã que demonstra uma capacidade inesperada para jogar xadrez, que desenvolve em paralelo com a dependência do álcool e dos calmantes, direcionou a atenção do grande público para esta americana, que cresceu entre a Argentina e Inglaterra.
Nascida em Miami, numa família de múltiplas referências – a mãe, que trabalhava em fotografia e design de interiores, tem sangue espanhol e britânico, o pai, banqueiro, tem ascendência escocesa e argentina –, é a mais nova de seis irmãos. Viveu na Argentina até aos seis anos, quando a família se mudou para Victoria, em Inglaterra, novidade que não apreciou, e durante algum tempo recusou-se mesmo a falar inglês (continua a ser fluente em espanhol), que só aprendeu ao fim de dois anos. Praticante de ballet clássico durante vários anos, foi uma adolescente de silhueta esguia e elegante, o que a levou a ser recrutada espontaneamente na rua por um profissional de uma agência de modelos, aos 16 anos. Chegou a desfilar nas passerelles, mas nesse mesmo ano encontrou um agente que lhe abriu as portas da representação, um sonho que alimentava desde criança. E tem contado em entrevistas que o facto de ter mudado de país na infância lhe deu uma capacidade de adaptação que usa agora para evoluir na carreira, enquanto, simultaneamente, aprende.