Zé Manel tem nas palavras e no sentimento que lhes coloca a sua maior arma. E é depois, na forma como as canta, e a que se dá por inteiro, que as transforma na arte que faz por paixão. O seu último disco, Expectativa/Realidade, é um exemplo perfeito disso mesmo, traduzindo-se num manifesto de amor-próprio e na música que encerra todo o sentimento e mensagem.
“Isto vem tudo na sequência de uma maturação que tem vindo a acontecer na minha cabeça sobre o que a música significa para mim, sobre quem serei eu no mundo da música, sobre querer fazer o que me apaixona de forma genuína, não estando balizado pelos padrões da indústria, dos números ou das modas”, começou por explicar o cantautor à CARAS a propósito de uma gravação diferente e acústica de alguns temas do seu novo álbum.
“Esta ideia de gravar num apartamento que recria o da série Friends surgiu para esta sessão acústica, que acaba por ser o culminar disto tudo de que falava, porque para mim a música é partilha. Juntei amigos e artistas que admiro e fizemos algo que tem imagem de videoclipe, mas é ao vivo, com vozes ao vivo, sem qualquer amplificação, exatamente como são, o que acaba por captar o que a música é na minha vida: a genuinidade mais pura. Canto em português de forma confessional e guardo para a música a dissecação filosófica das dores”, rematou.