Há 35 anos, coleção após coleção, Miguel Vieira tenta reinventar-se e ir cada vez mais longe. Desta vez, o criador inspirou-se na letra da música de Jacques Brel Ne Me Quitte Pas para dar vida às propostas do próximo outono-inverno, que apresentou no Portugal Fashion. “Inspirei-me na história de amor de Jacques Brel sobre uma relação extraconjugal e o abandono. E todos nós, em algum momento das nossas vidas, já sofremos de abandono, já perdemos alguém que amávamos muito, já tivemos um desgosto de amor”, explicou Miguel Vieira, que acrescenta que este poema é também uma tentativa de alertar as pessoas para não deixarem de dar beijos e abraços para expressarem os seus sentimentos.
“A ideia da finitude é assustadora. Passei a dar mais valor às pessoas e a não deixar nada por dizer.”
Uma filosofia de vida que ele próprio põe em prática principalmente desde que lhe foi diagnosticado um cancro, há 22 anos. “A ideia da finitude é assustadora. Passei a dar mais valor às pessoas, a mandar mensagens só para saber se os meus amigos estão bem, a arranjar tempo para eles. Passei a não deixar nada por dizer. É verdade que devíamos dar valor à vida e a quem está ao nosso lado sem precisar de passar por nenhuma provação, mas no meu caso tive de passar por isso”, confessou-nos.