João Catarré, de 43 anos, foi entrevistado por Daniel Oliveira no sábado passado, no programa Alta Definição. Esta foi a primeira entrevista que o ator deu após ter-lhe sido diagnosticado um cancro, em junho do ano passado. Primeiro quis poupar os que lhe eram mais queridos assim como o público, mas depois, explica, “saíram notícias falsas e aí tive de fazer um comunicado. Fiz tudo para evitar que se soubesse, porque não queria incomodar ninguém, nem as pessoas da minha esfera familiar, nem o público, já que era uma coisa que ia resolver, como resolvi. Tive de me fechar numa espécie de bolha para não ter contacto com ninguém e para estar mais forte, para conseguir ultrapassar o que tinha para ultrapassar. Estava tudo a correr bem, até ter saído uma notícia falsa”, explicou ao apresentador.
Foi ao lado da companheira, Joana Pais de Brito, – com quem poderá ter-se casado entretanto, já que surgiu nesta entrevista com uma aliança na mão esquerda – que João recebeu a notícia da doença: “Tive uma situação oncológica grave. A notícia foi-me dada pessoalmente, de forma crua e objetiva: iria ter de ser visto. Estava com a Joana e ficámos os dois a olhar um para o outro, como se não tivéssemos percebido a informação. Temos ideia de que somos fortes, que aguentamos muita coisa, [de que] nada nos afeta. Quando nos calha, pensamos que afinal não é só aos outros”.
Ainda assim, explicou, nunca se vitimizou: “Não acredito nas injustiças, aconteceu porque tinha de acontecer. Deparei-me com uma situação de saúde um pouco grave, oncológica. Aparece sempre aquele receio. [Mas] rapidamente esse medo foi substituído por resolução. Vamos lá tratar disto. Há uma mudança na nossa cabeça, pelo menos foi o que me aconteceu e acho que foi uma determinação tão grande que o medo deve ter durado pouco tempo”.
Seguiram-se seis meses de tratamentos, em isolamento, com a atriz a ser novamente o seu grande apoio. “Companhia, respeito, amizade e amor. Resolvemos a situação. Sofremos os dois com isto. Mas também tivemos a capacidade de rir e de nos divertirmos e nunca pensei que isso fosse possível”. No fim e depois da notícia de que o problema estava “completamente ultrapassado”, foi também juntos que celebraram: “Fiquei todo contente, a Joana ficou toda contente, começámos aos gritos a festejar. Foi uma lufada de ar fresco, um peso que saiu de cima e uma sensação de missão cumprida”.
João assumiu ainda que a memória da sua mãe, que morreu há dois anos, também lhe deu muita força em todo o caminho: “Ela está sempre presente e esteve sempre comigo. Recebi a sua força e energia, mas não foi só nesta situação, penso sempre nela e no que ela me diria antes de qualquer situação ou decisão”.
Apesar das boas notícias, o ator tem de continuar a ser vigiado, como confirmou: “Claro que agora haverá uma continuidade de vigilância, normal neste tipo de situações. A periodicidade é tão espaçada que traz um certo alívio, uma sensação de que está resolvido. Não esquecemos, porque, sem rodeios, foi realmente o maior desafio da minha vida”.
No fim, João assumiu que deixou de dar importância a algumas coisas: “Os problemas resolvem-se e ultrapassam-se. Essas pequenas coisas que antes nos aborreciam passam a valer zero”.
E garantiu que se tornou “um homem com menos preocupações, mais feliz, com várias ambições profissionais. Sou um homem que ama e que é amado”.
Quanto às mudanças físicas, fruto dos tratamentos a que foi submetido, Catarré desvaloriza e garante que o mais importante é estar bem de saúde e ao lado de quem mais gosta.
Pai de uma menina, Francisca, da relação terminada com Sandra Santos, o ator explicou que a filha achava que o pai estava “só a levar uma vitaminas e a fazer uns exames”.