No dia em que festejou o 70.º aniversário e no ano em que celebra cinco décadas de carreira, Herman José foi condecorado pelo governo com a Medalha de Mérito Cultural, numa cerimónia no Palácio de São Bento. Recebeu a distinção das mãos de António Costa, que sublinhou a genialidade do humorista: “Com Herman José a nossa democracia saiu da televisão a preto e branco. Ganhou cor, riu-se e fez rir. Com Herman aprendemos que, mesmo em democracia, fazer humor é um ato de coragem.”
Herman, que foi agraciado oficialmente pela primeira vez a 10 de junho de 1992, com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, recordou esse momento. “A felicidade que senti com esta atitude teve a mesma intensidade que senti em 1992. Sobretudo potenciada pelo facto de ser de um governo que está hiperdemissionário. São pessoas que daqui a uns dias não mandam nada, nada”, disse, em tom de brincadeira, antes de chegar à parte séria do discurso: “Há um rapaz que escreveu umas coisas e ganhou um Prémio Nobel [da Literatura] chamado Octávio Paz [poeta mexicano]. Ele disse muitas coisas em que me revejo, menos esta. Disse uma vez que ‘os prémios domesticam o criador independente, cortam as asas do inspirado e castram o rebelde’. Pois eu discordo. Estes momentos alimentam-nos o amor-próprio, dão-nos asas para que não deixemos de voar e carregam-nos as pilhas da rebeldia. Muito obrigado por isso.”