Formado em engenharia elétrica pela Universidade Técnica de Berlim e doutorado em engenharia de software na Universidade Livre de Berlim, Felix Obschonka é o nome que está por trás das estratégias tecnológicas da Montblanc, marca com tradição no mundo da caligrafia, relojoaria e artigos de couro. “Quero deixar minha marca no mundo”, assegurou o jovem numa entrevista exclusiva à CARAS, durante um encontro ibérico em que foi apresentado o Summit 3, um relógio inteligente de luxo, equipado com tecnologias inteligentes avançadas.
Entrou para a Montblanc com o projeto Augmented Paper, um dispositivo que transfere a letra escrita para um tablet através de uma caneta inteligente. Acredita que os conteúdos em papel têm espaço para coexistir com versões digitais ou estará condenado a passar à história?
Acredito firmemente que a caligrafia não vai passar à história. É verdade que tendencialmente escrevemos menos e usamos mais dispositivos digitais para trabalhar. Mas escrever uma carta à mão, com tinta e papel, para alguém de quem gostamos, não pode nunca ser substituído por uma mensagem de texto digitada no telemóvel. São momentos que ficam e serão lembrados. Por isso acho que escreveremos talvez menos, mas com mais impacto.
O último relógio apresentado pela marca vem munido de um sistema operacional do Google capaz de monitorar a frequência cardíaca, a oxigenação do sangue e a qualidade do sono. A pandemia que o mundo atravessou fez com que se passasse a valorizar mais este tipo de características ligadas à saúde?
A pandemia acentuou, de facto, a preocupação em cuidar da saúde e da importância da atividade física no nosso dia a dia. Os clientes procuravam ferramentas que os ajudassem a monitorizar a sua atividade e os relógios inteligentes, como o Summit 3, dão essa possibilidade de avaliar o que fazemos 24 horas por dia, 7 dias por semana.
É um relógio desenhado para o público masculino ou foi pensado também para fazer parte dos “outfits” femininos?
Quando concebemos o relógio não tínhamos nenhum género específico em mente, queríamos que pudesse ser usado por qualquer pessoa. É importante que possamos adaptar o relógio ao nosso estilo e este modelo permite inúmeras possibilidades de personalização, já vem com 11 mostradores pré-instalados que podem ser customizados com diferentes estilos, cores ou fundos.
A arte da relojoaria é uma paixão ou o que o verdadeiramente o inspira é a alta tecnologia?
Antes de entrar para esta empresa eu estava muito envolvido no mercado da tecnologia, é verdade. Mas também sempre gostei de peças bonitas e tinha alguns relógios mecânicos. Quando me juntei à Montblanc, aprendi muito sobre emoções e sobre manufatura relojoeira e comecei a querer aprofundar mais este tema. Ao fim de oito anos devo dizer que ainda fico impressionado com a magia que é o trabalho dos nossos designers de relógios. Quando vi pela primeira vez o design do Summit fiquei arrepiado. E isto é algo que só se compreende se percebermos as emoções que o luxo pode criar.