Fátima Lopes nasceu no Funchal há 45 anos, mas
"a dimensão da ilha não fazia sentido para a moda". Por isso, deixou a Madeira há 22 anos, e acabou por alcançar projecção internacional enquanto estilista, mais à medida dos seus sonhos e ambições. No entanto, nunca se esquece das suas raízes e da terra onde permanece grande parte da sua família. Foi por isso com angústia e tristeza que assistiu às imagens de devastação que resultaram das fortes chuvadas do dia 20 de Fevereiro. A estilista estava a ultimar os preparativos do desfile que apresentou em Paris dez dias depois e não conseguiu ir à ilha logo na altura. Fê-lo agora, oferecendo as receitas de bilheteira do desfile que organizou no Mercado dos Lavradores, contando com a solidariedade de manequins e colaboradores, que abdicaram do seu cachê para ajudar as vítimas da catástrofe.
– No final do seu desfile disse que cada vez sentia mais orgulho em ser madeirense…
Fátima Lopes – O que a Madeira fez agora foi uma lição para o País, para o mundo inteiro. Quando tudo aconteceu, ninguém ficou a chorar e a dizer ‘somos uns desgraçados, venham-nos resolver o problema’, pelo contrário, arregaçaram as mangas e foram para a rua limpar. Estas pessoas têm uma força de vontade na qual me revejo. Não sou de ficar parada e chorar é coisa que não faz parte do meu vocabulário. Por isso digo que cada vez sinto mais orgulho em ser madeirense.
– Diz que não é pessoa de ficar a chorar. Há pouco tempo divorciou-se e está aqui divertida, cheia de energia…
– Fui eu quem quis o divórcio!
– Mas um divórcio é sempre uma situação complicada…
– Da mesma forma que mudo de país rapidamente, também mudo de casa, e eu até gosto das mudanças, é giro. Casa nova, decoração nova. [risos]
– Não a incomoda estar sozinha em casa?
– Sou muito independente. Mesmo quando estava casada, passava muito tempo fora, a viajar, a planear e a preparar desfiles, portanto, nunca fui daquelas pessoas que sai às seis da tarde e vai para casa. Não tenho horários. Além disso, gosto de estar sozinha.
– Isso poderá não favorecer um novo relacionamento…
– Acho que há um tempo para tudo, e faz falta estar sozinha. Tive três grandes relações: uma quando era muito jovem, aos 16 anos, que durou quase seis anos; depois cinco anos de namoro mais cinco de casamento; agora passei oito anos com o Eduardo. Nestes intervalos, passei muito tempo sozinha. Acho que faz falta gozar a vida de solteira. Agora até tenho a sensação de que estive a vida toda casada, é tempo de mais. Faz-me bem divertir-me com amigas, acho que faz bem a toda a gente, aos homens também. Se calhar, as mulheres que conheço têm mais feitio para ir à luta sozinhas do que os homens. Os homens têm mais necessidade de estar sempre acompanhados.
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