Alexandra de Cadaval, de 30 anos, nasceu no seio de uma das mais prestigiadas famílias nobres portuguesas: é a filha mais nova de Jaime Álvares Pereira de Melo, 10.º duque de Cadaval, e da sua segunda mulher, Claudine. A sua condição privilegiada, no entanto, nunca a fez viver numa ‘bolha’ e cedo percebeu que a sua vocação era servir aqueles que mais precisam. Um dia, Alexandra abandonou o conforto da sua vida em Portugal e partiu para a Índia. Mais tarde, foi para Moçambique, onde se tem dedicado à ajuda humanitária e à preservação do património cultural de várias comunidades fragilizadas.
Alexandra, que é irmã da atual duquesa de Cadaval, Diana, esteve recentemente no nosso país para preparar o Festival de Músicas Sagradas de Évora, que se realizou no Palácio Cadaval e na contígua Igreja dos Lóios. A CARAS aproveitou esta passagem por Portugal para conversar com Alexandra sobre as aventuras que tem vivido além-fronteiras.
– A Alexandra tem-se dedicado à ajuda humanitária e à preservação cultural de pequenas comunidades. Porque é que decidiu partir para a Índia e, depois, para Moçambique, deixando a vida confortável que tinha em Portugal?
Alexandra de Cadaval – Algum tempo depois de ter perdido o meu pai, decidi ir à Índia para começar a praticar ioga. E o que ia ser apenas uma viagem de dois meses durou um ano e meio. Foi nessa altura que me comecei a envolver com estes trabalhos antropológicos de preservação cultural. E quando estava na Índia, fui convidada pela a Associação Portuguesa de Apoio a África (Apoiar) para ir fazer a gestão de dois projetos de ajuda humanitária em Moçambique, país onde continuo a viver. Agora criei lá a minha ONG, hOUVE. Tentamos preservar o património cultural imaterial e intervimos no campo humanitário quando as comunidades estão muito fragilizadas. Acho que é a minha vocação. Não foi uma escolha. É um caminho que me vem do coração. Tive a sorte de, através do nosso festival em Évora, ter conhecido o diretor artístico Alain Weber, que me ensinou muito sobre o mundo tradicional. Depois, toda a parte da ajuda humanitária está dentro de nós ou não está.
– Mas acredito que tenha sido difícil deixar para trás muitos aspetos da vida que tinha cá…
– Sim, dentro das missões ficamos a saber o que é não ter água todos os dias e o ter de caminhar quilómetros sem fim com uma comunidade de mulheres que não nos conhece e com quem temos de comunicar. Nestas condições, conseguimos perceber a sorte que temos. E essa perceção mudou a minha vida. Quando estou lá, sinto muito a falta da minha família, dos meus amigos, de ver uma boa exposição, de ver um filme no cinema… Mas é muito interessante poder testemunhar no terreno o desenvolvimento que um país como Moçambique está a ter.
– A sua família sempre a apoiou nestes projetos?
– Sim, sempre me deram todo o apoio. Ninguém sabia onde este caminho me ia levar e é engraçado ver o que a vida nos oferece. Quando confiamos, o destino traz-nos surpresas.
– Para si o que significa pertencer à família Cadaval?
– Significa que tenho como missão ajudar os outros. Os meus pais sempre foram pessoas simples, até posso dizer humildes, e temos de preservar a nossa herança estando ao serviço.
– Imagina-se a voltar para Portugal?
– Sim, imagino-me. Nos próximos anos penso que vou continuar com um pé cá, outro em Moçambique, participando ainda no festival na Índia. Mas um dia quero voltar para cá para ter a minha própria família.
– Já é um desejo muito presente, ter a sua própria família?
– Como qualquer mulher de 30 anos, começo a pensar nisso, mas não vivo obcecada. Continuo a fazer a minha vida normal, mas qualquer mulher tem esse sonho.
– E no meio destas missões, quem é a Alexandra?
– Sou uma pessoa simples, lutadora, e sigo sempre as minhas convicções. Há pessoas que me acham dura, mas depois de me conhecerem percebem que sou capaz de dar tudo.
Alexandra de Cadaval garante: “Sou uma pessoa simples, lutadora e sigo sempre as minhas convicções”
A diretora e coordenadora artística do Festival de Músicas Sagradas de Évora partilhou os motivos que a levaram a dedicar a sua vida à ajuda humanitária e à preservação do património cultural de comunidades na Índia e em Moçambique.
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