No próximo dia 10 de janeiro será publicada a autobiografia do príncipe Harry, Spare, um livro que promete revelações polémicas sobre a vida do duque de Sussex e a sua relação com a família real. Para promover a obra, o filho mais novo do rei Carlos III deu uma entrevista, que será transmitida na íntegra no próximo domingo, dia 8, na qual falou abertamente sobre os problemas que enfrenta, em especial sobre a tensa relação que mantém atualmente com o pai e o irmão, William.
Na CARAS recordamos alguns dos momentos mais importantes da vida recente do príncipe, como a altura em que, em conjunto com a mulher, Meghan, anunciou que seria pai pela segunda vez. Leia abaixo, na íntegra, o texto que foi publicado na edição da CARAS dessa semana, a 20 de fevereiro de 2021.
Harry e Meghan radiantes com a nova gravidez
A data não podia ser mais bem escolhida. No Dia dos Namorados, 14 de fevereiro, o príncipe Harry, de 36 anos, e Meghan Markle, de 39, casados desde 19 de maio de 2018, emitiram um comunicado a dar conta de uma notícia muito feliz para os dois: a duquesa de Sussex está à espera do seu segundo filho. E foi também uma excelente forma de recordar a princesa Diana, que revelou estar grávida pela segunda vez, de Harry, precisamente no mesmo dia, há 37 anos.
“Podemos confirmar que Archie [o filho mais velho do casal, que faz dois anos no dia 6 de maio] vai ser irmão mais velho. O duque e a duquesa de Sussex estão felicíssimos por estar à espera do seu segundo filho”, referia o comunicado, emitido pelo porta-voz do casal, e que foi acompanhado por uma romântica foto a preto e branco dos dois, deitados na relva, à sombra de uma frondosa árvore [pensa-se que nos jardins da sua nova residência, na Califórnia], com Harry sentado e com a mão na cabeça da mulher, que está pousada na perna do marido. Com um descontraído vestido comprido de tom claro, de Carolina Herrera, feito para a gravidez de Archie, Meghan tem a mão sobre a barriga, que já está bem visível, o que significa que a gravidez deverá estar adiantada.
Para o casal, esta gravidez é especialmente bem-vinda, pois Meghan teve um aborto espontâneo em julho passado que a fez sofrer terrivelmente, como revelou num artigo de opinião intimista publicado, em dezembro de 2020, no jornal The New York Times, com o objetivo de ajudar outras mulheres que passaram pelo mesmo a ultrapassar este trauma e intitulado “As perdas que partilhamos”.
Nesse relato emotivo, feito na primeira pessoa, a ex-atriz da série de advogados de grande sucesso Defesa à Medida contou que o processo se desencadeou num momento em que acabava de mudar a fralda ao filho: “Senti um espasmo agudo. Deixei-me cair no chão com ele nos braços, sussurrando uma canção de embalar, para nos manter aos dois calmos, num tom animado, que contrastava com a minha sensação de que algo não estava bem. Soube, enquanto abraçava o meu primeiro filho, que estava a perder o segundo.”
A duquesa descreveu ainda que horas mais tarde, “sentada na cama do hospital, vendo o coração partido do meu marido enquanto ele tentava juntar os pedaços do meu, percebi que a única forma de começar a sarar era perguntar-lhe primeiro: ‘Estás bem?’”. E sublinhou: “Perder um filho provoca uma dor quase insuportável, experimentada por muitos, mas falada por poucos.” Meghan justificou esta confissão pública como uma ajuda para que o assunto deixe de ser tabu, de modo a que não se perpetue “o ciclo de um luto solitário. (…) Ao sermos convidados a partilhar a nossa dor, a carga de sofrimento fica mais leve”.
Archie e o irmão deverão crescer longe de Inglaterra, já que, depois de terem anunciado, em janeiro de 2020, que queriam deixar de ser membros seniores da família real, ser independentes, poderem ter uma vida livre dos constrangimentos que significa a vida dentro da austera instituição real e manterem a maior privacidade possível – num gesto sem precedentes, que ficará para a História como “Megxit” –, o neto de Isabel II e a mulher mudaram-se para os EUA, de onde Meghan é natural, e em agosto instalaram-se numa enorme mansão, avaliada em 12 milhões de euros. Situada no luxuoso enclave de Montecito, em Santa Bárbara, Califórnia, entre as montanhas de Santa Ynez e o oceano Pacífico, fica a 144 km de Los Angeles, onde vive a mãe de Meghan, Doria Ragland, e onde se desenrolarão as principais atividades profissionais do casal, que celebrou contratos milionários com a Netflix, plataforma para a qual vão criar filmes e documentários, e com a Spotify, onde lançaram o podcast Archewell Audio. Além disso, a duquesa de Sussex investiu numa pequena empresa que comercializa bebidas instantâneas à base de aveia.
A mansão insere-se numa propriedade murada e de acesso difícil por uma estrada privada e tem 2,8 hectares de terreno e 1800 metros quadrados de área coberta. Construída em estilo mediterrânico, tem nove quartos, 16 casas de banho, biblioteca, ginásio, Spa, sala de cinema, sala de bilhar e outra de jogos eletrónicos. Os extensos jardins, também inspirados no estilo mediterrânico e onde predominam oliveiras, ciprestes e um enorme roseiral, albergam uma sala de chá, uma cabana de madeira para crianças, adega, court de ténis, uma piscina de grandes dimensões, parque infantil e uma casa de hóspedes com dois quartos. A privacidade e tranquilidade de Montecito terão sido fatores decisivos na escolha, tal como o facto de existirem nas imediações várias escolas privadas muito prestigiadas.
Retirados nesta propriedade devido à pandemia, tanto Meghan como Harry já partilharam nas redes sociais vídeos relacionados com iniciativas de solidariedade, onde se viam alguns pormenores do interior, e em agosto Meghan deu uma entrevista, registada em vídeo, tendo os jardins de sua casa como cenário, à famosa jornalista Gloria Steinem, de 86 anos, uma das maiores ativistas pelos direitos das mulheres nos EUA desde os anos 60. E se enquanto esteve em Inglaterra a duquesa se viu obrigada a cumprir a regra da família real de não manifestar ideias políticas, agora voltou a sentir-se no direito de falar, pelo que no seu diálogo com Steinem, ambas assumidas críticas de Donald Trump, centrou-se na importância do voto nas eleições presidenciais de novembro passado. O vídeo foi filmado por Harry, cuja voz se ouve a dada altura, a assumir que ele próprio é um feminista.
Logo a seguir ao anúncio de Harry e Meghan, a Casa Real britânica também se pronunciou com um comunicado que dizia: “Sua Majestade, o duque de Edimburgo, o príncipe de Gales e toda a família estão encantados e desejam-lhes as maiores felicidades.” O bebé, cujo sexo e data de nascimento não foram revelados, ficará em oitavo lugar na linha de sucessão ao trono britânico e poderia, por direito de nascimento, receber o título de príncipe do Reino Unido e ser tratado por Sua Alteza Real, mas, tal como aconteceu com Archie, Meghan e Harry deverão decidir não lhe dar esse privilégio.
Este será o quinto neto do príncipe Carlos e da falecida princesa Diana e décimo bisneto da rainha Isabel II, cujo gabinete de comunicação emitira, cinco dias antes, um comunicado muito idêntico a anunciar o nascimento do primeiro filho da sua neta Eugenie e do marido, Jack Brooksbank, casados desde 12 de outubro de 2018, e primeiro neto do príncipe André e da sua ex-mulher, Sarah Ferguson.
Se para Isabel II e para os príncipes Carlos e William (que tinha uma relação muito fusional com o irmão) o “Megxit” já foi muito difícil de aceitar, implicando dolorosas negociações familiares, não poderem usufruir do crescimento dos filhos de Harry será certamente ainda mais triste. Mas os duques de Sussex mantêm uma casa em Inglaterra, Frogmore Cottage, e sempre disseram que pretendem passar algum tempo no país natal do príncipe.
Texto: Ana Paula Homem fotos: Getty Images e D. R.