Foi há quatro anos que o príncipe André se retirou da vida pública, um passo atrás que volta a ser tema na atualidade, não exatamente pela decisão tomada, mas sim pela entrevista que deu ao programa Newsnight da BBC Two em 2019, na qual falou sobre o seu envolvimento no ‘caso Epstein’.
A sua aparição televisiva está a ser analisada no documentário “Andrew: The Problem Prince”, onde a apresentadora Emily Maitlis, a quem o duque de York deu a entrevista, explica o que terá motivado o irmão do rei Carlos III a dar a sua versão dos factos publicamente.
A jornalista britânica acredita que o príncipe deu a entrevista para ajudar a sua filha mais velha, a princesa Beatrice. Nessa altura, neta da rainha Isabel II e do duque de Edimburgo preparava o seu casamento com Edoardo Mapelli Mozzi, um enlace que inicialmente se iria realizar a 29 de maio de 2020, mas que acabou por ser adiado para julho desse ano devido à pandemia, tendo sido realizada uma cerimónia íntima e muito reduzida.
“Talvez o tenha feito por ela. ‘A tua vida está a ser um inferno, tiveste que ler estes títulos, estás a tentar casar-te… Vou fazer isto para que seja melhor para ti'”, afirmou a jornalista sobre o que poderá ter sido o pensamento de André.
A entrevista do duque de York, que não correu da melhor forma e ditou o seu afastamento dos deveres reais, será convertida num filme da Netflix, dirigido por Philip Martin, vencedor de um Emmy e de um Bafta, e um dos diretores de The Crown, a série de sucesso da plataforma de streaming sobre a família real britânica.
O príncipe, que ocupa a oitava posição na linha de sucessão ao trono começou por enviar um comunicado, tendo mais tarde decidido falar à BBC sobre a sua associação a Jeffrey Epstein, o magnata que morreu na prisão a 10 de agosto de 2019, numa altura em que aguardava julgamento por crimes sexuais contra menores, assim como sobre Virginia Giuffre, que o acusou de ter abusado dela quando era ainda menor. Este caso só chegou ao fim em 2022, após um acordo financeiro extrajudicial.
Em frente à câmaras, o príncipe afirmou que conheceu Epstein em 1999 e que não eram amigos íntimos, tendo-se conhecido apenas através de amigos em comum, concretamente através de Ghislaine Maxwell, que era naquela altura companheira do magnata. Admitiu que se tinha alojado em “algumas das suas casas”, mas deixava claro que nunca tinha visto nada de estranho e que a partir de 2006 o contacto entre os dois passou a ser mais esporádico. Ainda assim, admitiu que não esteve à altura “do que se espera de um membro da realeza” e que a sua atitude foi “dececionante”.
Recorde-se que ainda antes de terminar a batalha judicial contra Virginia Giuffre, e mais de dois anos após ter-se afastado da vida pública, Isabel II tirou ao filho no início do ano passado todos os títulos militares e os patrocínios reais. No entanto, espera-se que André faça parte dos mais de mil convidados que vão estar presentes na Abadia de Westminster no próximo dia 6 de maio para assistirem à Coroação do rei Carlos III.