Aos 41 anos, William está sob uma pressão que dificilmente teria antecipado. Com o pai, o rei Carlos III, a lutar contra um cancro, e a mulher, Kate, a recuperar de uma misteriosa intervenção cirúrgica ao abdómen que nunca foi explicada pelo palácio, junta a natural preocupação pela saúde de ambos à tensão de ter de conciliar o trabalho com os três filhos pequenos e o receio de ter de assumir o trono mais cedo do que esperava.
Porque mesmo que Carlos tenha sucesso na sua batalha, os tratamentos a que vai ser sujeito aos 75 anos poderão roubar-lhe a energia de que necessita para assumir todos os seus compromissos. E o receio de dar uma imagem fragilizada da casa real poderá, em última análise, pôr em cima da mesa a hipótese de abdicar a favor do filho mais velho. Além disso, deixar a rainha Camilla a assumir uma imensa fatia de eventos oficiais poderia despertar a animosidade da população, que embora a tenha aceitado melhor nos últimos anos, não esquece que ela foi “a outra” no casamento que tanto fez sofrer a idolatrada princesa Diana.

Foto: Getty Images
Para o príncipe de Gales, este não é, de certeza, um desejo, já que tanto ele como a mulher preservam ao máximo a possibilidade de acompanhar os filhos, George, de dez anos, Charlotte, de oito, e Louis, de cinco. O casal gosta de ter tempo para praticar atividades ao ar livre e partilhar as rotinas do dia a dia com os filhos, numa tentativa de lhes dar uma vida razoavelmente normal que proporcione uma infância feliz e equilibrada. A saúde mental de crianças e jovens é, aliás, uma das grandes causas defendidas pela princesa, que faz questão de dar o exemplo.
É um facto que William é quase um veterano quando comparado aos 25 anos que a avó Isabel II tinha quando foi surpreendida pela morte prematura do pai e teve de assumir a coroa. Mas também é certo que tem contra ele a plena consciência do que implica o papel para o qual foi preparado toda a vida, mas que sempre viu tomar forma num horizonte longínquo até à morte da avó, em setembro de 2022, aos 96 anos.
Esse terá sido talvez o primeiro momento em que tomou consciência de que poderia não ter assim tantos anos de “liberdade”. Ainda assim, terá por certo pensado que o pai lhe proporcionaria vários anos de um mais confortável segundo plano. Agora que essa certeza está posta em causa, William está sob uma enorme pressão. Isso mesmo defende o jornalista britânico Robert Jobson, que afirmou esta semana à revista Hello!: “Acho que William tem o peso do mundo sobre os ombros. Tomou verdadeira consciência de que a certa altura será rei.”
Em Inglaterra tem-se debatido o assunto e especula-se sobre os passos que Carlos III poderá dar num futuro próximo. As atenções estão, para já, muito concentradas em William e na expectativa de ver Kate regressar à vida pública, o que só deverá acontecer entre o final de março e o início de abril, como o Palácio de Kensington explicou no comunicado que fez sobre a saúde da princesa de Gales quando foi internada.