Tim Madeira não pára de surpreender as pessoas que estão à sua volta. Se há uns anos se aventurou a transformar e reciclar candeeiros, há dias o arquitecto estreou-se nas telas e expôs as suas criações mais recentes na galeria Art Lounge, no centro de Lisboa.
"A exposição é baseada nas viagens que eu já fiz. Viajar é uma das paixões que tenho na vida e cada quadro representa um sítio onde já estive. Os quadros são fotografias trabalhadas às quais apliquei peças de computador, pintei por cima…", explicou-nos o artista. Uma ideia que partiu do dono da galeria,
Ricardo Cruz:
"Esta exposição começou por uma brincadeira. O Tim mostrou-me dois dos quadros, eu gostei e lancei-lhe um desafio: perguntei-lhe se conseguia pintar 12 ou 13 quadros num mês e pouco para fazermos uma exposição. Ele pediu-me cinco minutos para pensar e cá estamos hoje."
Muitos e muitos amigos aceitaram o convite e compareceram na galeria, que se tornou pequena para receber tanta gente. E não poderia ser de outra forma, até porque os agradecimentos de Tim pelas obras realizadas vão para os amigos:
"É muito bom ver a casa assim cheia. Convidei muitos dos meus amigos, que são as pessoas que nos ajudam a crescer e que nos acompanham no dia-a-dia. Sem amizade ou empatia não sei nem consigo trabalhar." E numa ocasião tão especial como esta – onde Tim aproveitou para celebrar também o seu 54.º aniversário, feito no dia anterior, 27 de Maio -, não podia faltar a presença da pessoa mais especial da sua vida, a irmã
Laura Gonçalves Pereira, que, apesar de já conhecer a criatividade sem limites do irmão, não deixou de ficar surpreendida:
"Conseguiu surpreender-me absolutamente. São materiais diferentes daqueles que ele costuma trabalhar, particularmente porque ele sempre teve uma aversão enorme à informática, que é a minha área profissional, portanto, achei isto uma grande surpresa. E achei, sobretudo, que tinha ficado muitíssimo bem, melhor até do que pensava, porque nunca pensei que os computadores pudessem ter uma veia poética."
Outro dos convidados do artista foi
João Lagos, para quem Tim Madeira trabalha e com quem mantém uma relação de amizade há vários anos:
"Ele trabalha comigo há muitos anos e obviamente que conheço esta loucura e este lado dele. Acompanho-o no dia-a-dia, mas mesmo assim não deixa de me surpreender. Ele é extraordinariamente criativo e é muito agradável trabalhar ao lado de uma pessoa assim, é o que me faz sentir bem." A capacidade que Tim tem de arriscar é reconhecida, e por vezes invejada, por todos os que o conhecem e admiram, como é o caso da também arquitecta
Cristina Santos Silva:
"Conheço o percurso do Tim há alguns anos e aprecio imenso a sua capacidade de arriscar, de entrar por novos rumos, que é uma mais-valia dele. Fazer aquilo que toda a gente faz é relativamente cómodo, o risco que o Tim corre ao entrar por mundos não desbravados não é para todos."
Apesar do talento reconhecido, Tim Madeira continua a encarar esta forma de arte como um
hobby, algo que o diverte quando chega a casa depois de um dia de trabalho:
"Sempre pintei, venho de uma família onde todos pintavam, menos a minha irmã… mas não é essa a minha profissão. Continuo a considerar isto como um hobby, aquilo que eu gosto de fazer quando vou para casa. Eu tenho um trabalho, sou arquitecto, de maneira que encaro isto com uma tranquilidade que me dá a liberdade de fazer um bocadinho o que eu quero, porque não tenho a preocupação de ter de provar nada a ninguém. Faço exactamente o que me apetece. Se as pessoas gostam, gostam, se não gostam, paciência. Mas aceito as críticas e gosto que me dêem uma opinião sincera."