Ela é italiana, ele nasceu em Colónia, na Alemanha.
Stefania, de 34 anos, e
Guido Piedade, de 36 (filho de
Domingos Piedade, director do Autódromo Estoril), conheceram-se na Suíça e desde então têm corrido mundo juntos. Tanto que os filhos foram nascendo em cidades diferentes.
Giulio, de nove anos, é natural de Miami,
Jason, de seis, nasceu em Oxford, e
Luca, de dois, é o único da família que tem origem portuguesa. E foi precisamente em Portugal que fixaram morada. Stefania, formada na área da comunicação visual, deixou de trabalhar para poder acompanhar o crescimento e a educação dos três filhos, pois Guido Piedade – que já trabalhou na Fórmula 1 como director desportivo e foi agente de
Ralf Schumacher – é
manager de alguns jovens pilotos de automóvel e consultor executivo de equipas e organizadores de corridas, o que o faz passar entre 170 e 200 dias por ano a ‘voar’ para Itália, Inglaterra, Alemanha e Dubai.
Nesta quadra, convidámo-los a serem protagonistas de uma produção no Castelo da CARAS, mas antes de falarmos de Natal, quisemos saber como Stefania e Guido Piedade têm construído um amor que começou há 18 anos.
– Contem-nos um bocadinho da vossa história de amor…
Stefania – Eu estudava num internato na Suíça quando o Guido foi para lá estudar também e, quando o vi, foi incrível: foi amor à primeira vista.
Guido – Um amigo comum apresentou-nos. Começámos a namorar a 24 de Setembro de 1991. Ficámos três anos na Suíça, terminámos o curso, e depois fomos para Londres. Stefania – Já morávamos juntos, mas toda a gente dizia que era muito cedo, que éramos muito novos.
– Mas não se fixaram em Londres…
– Não. Após dois anos, fomos para Los Angeles, depois casámo-nos em Itália, mudámo-nos para Nova Iorque e seguiu-se Miami. Foi lá que comecei a aprender português… Depois ainda voltámos a Inglaterra…
– Correram o mundo…
– Sim, os nossos filhos, inclusivamente, nasceram em lugares diferentes e foram experiências maravilhosas. Mas nem tudo foi fácil, porque não tínhamos família junto de nós para nos ajudar com as crianças.
– Onde é que gostaram mais de viver?
– Miami foi maravilhoso. Morávamos numa ilha onde não fechávamos a porta de casa à chave, era como morar no paraíso. O Brad Pitt e a Jennifer Aniston, que na altura eram namorados, moravam lá também. [risos] Era lindo e superseguro.
– Por que é que acabaram por escolher Portugal para fixar morada?
Guido – Eu viajo muito e não fazia sentido a minha família continuar a viver em Inglaterra, onde chove muito, escurece cedo e eles tinham de passar o dia fechados em casa.
Stefania – As pessoas em Portugal são muito afectuosas, como em Itália. Além disso, moramos em Cascais, que é muito internacional… E, acima de tudo, aqui tenho ajuda dos meus pais, que entretanto se mudaram também para Portugal, e da minha sogra… O que faz muita diferença.
– Como tem sido a vossa relação durante estes 18 anos?
– Criámos uma relação muito forte… Já passei mais de metade da minha vida com o Guido, conheço-o desde a minha adolescência e agora começam a aparecer as primeiras rugas. [risos]
Guido – Temos altos e baixos, e as fases menos boas temos conseguido superar graças ao nosso crer, ao nosso amor.
– Nunca pensaram desistir do vosso amor?
Stefania – Houve uma altura, antes de nos casarmos, que acabámos o namoro. Foi ao fim de sete anos. Ficámos separados seis meses, e foi bom, porque nesse tempo percebemos o que representávamos um para o outro, o valor que cada um de nós tinha na vida do outro. Quando nos reconciliámos, foi como se tudo fosse novo.
– E nessa altura que estiveram separados, aproveitaram para namorar com outras pessoas?
– [risos] Eu não. Fiquei a viver com as minhas amigas. Não tive necessidade de conhecer outras pessoas. Escolhi ficar sozinha durante a nossa separação e perceber se o Guido era ou não a pessoa certa. Ele foi o único namorado que tive. O Guido, sim, teve várias experiências e aproveitou a vida de solteiro. Mas foi da maneira que entendeu que se sentia vazio sem mim. [risos]
Guido – Não é fácil encontrar o amor, é um sentimento muito profundo que vai além do aspecto físico. Amor é um pacote completo e na Stefania encontrei o amor da minha vida.
– Entre vocês ainda existe esse amor?
Stefania – O mundo é cheio de tentação. No meio onde o Guido se move, há muitas mulheres bonitas. Não me considero feia, mas reconheço que há mulheres mais bonitas. Por isso deve haver uma coisa mais profunda entre nós, outros valores que não passam apenas pela aparência, que nos faz ficarmos juntos.
– Os filhos são motivo para um casal permanecer junto?
– Não. Os filhos não seguram um casamento, às vezes até desestabilizam.
– Mas ainda sentem saudades quando estão longe um do outro, ou já se habituaram à distância?
– Não é fácil quando o Guido viaja mais de duas semanas seguidas…
Guido – Quando é uma viagem mais longa, sinto saudades.
Stefania – A melhor coisa é que, quando o Guido regressa, pode ficar comigo o dia inteiro. Vejo-o mais vezes do que outras mulheres que têm maridos presentes todos os dias, mas que têm um horário de trabalho para cumprir.
– O Guido tem uma carreira bem sucedida que vos permite ter algum luxo. Isso deixa-vos deslumbrados?
Guido – Vivemos bem. Temos casa, carro e podemos comprar roupa boa, mas isso não tem qualquer importância. É bom ter, mas nós não somos materialistas.
Stefania – Temos amigos milionários, mas também temos amigos que ganham o ordenado mínimo e perante Deus somos todos iguais. Temos noção de que hoje estamos bem na vida, mas amanhã poderemos não estar. A nossa felicidade não depende nem do luxo nem do dinheiro. Alguns dos nossos amigos com muito dinheiro são muito menos felizes que outros que recebem o salário mínimo. O amor da família e a paz de Deus é o que nos dá a verdadeira felicidade.
– A Stefania abdicou da sua carreira para estar ao lado do Guido. Isso nunca a fez sentir-se inferiorizada?
– O Guido nunca me deixou sentir que é ele que ganha o dinheiro e que eu não faço nada. Ele sempre reconheceu o meu trabalho enquanto mulher, enquanto mãe. Ele sabe que fazer isso 24 horas por dia não é fácil. E isso também não significa que eu não faça outras coisas. Somos evangélicos e estamos a fundar uma igreja em Cascais, o que toma muito do meu tempo. É um trabalho de caridade em que ajudamos pessoas necessitadas, e isso preenche muito do meu tempo.
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– Reconhece realmente o sacrifício da Stefania em ter deixado de trabalhar?
Guido – Acho que o trabalho que a Stefania está a fazer agora é o mais importante na vida, que é criar os filhos e educá-los bem. Os nossos filhos são a nossa herança, e o que eles serão no futuro também depende dos valores que lhes incutirmos. E nisso a Stefania tem sido exemplar.
Stefania – Concordo com a máxima de que "atrás de um grande homem está sempre uma grande mulher". [risos]
– Conseguem ter tempo para namorar sem os vossos filhos?
Guido – Sim, e é cada vez mais importante criarmos uma relação mais profunda, porque um dia os nossos filhos vão sair de casa e nós ficaremos só os dois…
Stefania – Costumamos sair os dois, jantar, ir ao cinema…
– Preparam surpresas?
Guido – Tento surpreender a Stefania, mas confesso que não sou muito criativo…
Stefania – O que eu gosto na realidade é quando o Guido me leva para longe de tudo para passarmos uns dias juntos a relaxar e a carregar baterias.
– E qual foi o melhor presente que deram um ao outro?
– Tenho a certeza de que os melhores presentes que dei ao Guido foram os nossos filhos…
– O que costumam oferecer um ao outro no Natal?
Guido – No passado oferecíamos qualquer coisa simplesmente porque era Natal. Desde que estamos envolvidos na obra de Deus, preferimos oferecer e dar aos outros, a pessoas necessitadas, do que oferecer um ao outro algo que talvez nem seja preciso. É muito melhor dar do que receber!
– Os vossos filhos fazem uma grande lista de presentes de Natal?
Stefania – Não. Eles não pedem muitos presentes, educamo-los no sentido de saberem que o Natal não é um período exclusivo para receber, mas também para dar. Ensinamos-lhes que o Natal é um momento de dádiva e que Jesus Cristo foi e é o maior presente de sempre. Eles estão activamente envolvidos no trabalho da igreja e no Natal compramos inclusivamente presentes para os meninos mais carenciados.
Guido – Claro que eles gostam de ter brinquedos novos e pedem alguns, mas não fazem uma lista extensa. Os nossos filhos são educados de forma humilde.