Habituada a desafios exigentes, sobretudo depois dos documentários que gravou em África e na Ásia,
Catarina Furtado voltou a testar a sua resistência com as gravações da nova série da RTP,
Cidade Despida. Foram dois meses intensos, durante os quais a actriz e apresentadora teve que fazer um esforço extra para conseguir dar o melhor de si própria e, ao mesmo tempo, não descurar a atenção aos filhos,
Beatriz, de três anos e meio, e
João Maria, de dois. Um esforço que valeu a pena, pois acaba de ser nomeada, com
Cristina Carvalhal, com quem contracena, para uma Ninfa de Ouro de Melhor Actriz no 50.º Festival de Televisão de Monte Carlo. A série recebeu, aliás, mais três nomeações para este certame televisivo que se realiza de 6 a 10 de Junho no Grimaldi Forum, na capital monegasca: Melhor Produtor Europeu (
Jorge Marecos), Melhor Actor (
Pedro Laginha e
Albano Jerónimo).

– Como foi rodar esta série?
Catarina – Gravar cerca de 12 horas por dia, cenas de exigência física, mas também de muito desgaste emocional, e ainda ter que ser mãe de família, organizada como sou, não foi fácil. Mas agora, com estes dias de distância e com o
feedback de toda a equipa e, sobretudo, da parte da realizadora,
Patrícia Sequeira (da SP), e da RTP, posso concluir com segurança que é uma batalha completamente ganha!

– Tinha um papel complicado e bastante emocional. Como foi lidar com isso?
– Foi a parte mais complicada, mas a mais interessante. Gosto de coisas difíceis e de me pôr à prova. Ganho sempre uma adrenalina extra quando me proponho fazer algo que impõe respeito e algum medo de falhar. A personagem Ana Belmonte exigiu uma entrega total, porque aparentemente parece uma heroína, mas não é. Por detrás do lado misterioso e algo triste, pragmático e muito profissional, ela vai deixar vir ao de cima, por força das circunstâncias, uma fragilidade que a leva ao limite. Só aceitei vestir esta Ana porque decidi despir-me de quaisquer defesas, não vi nenhuma imagem ao longo dos dois meses e confiei inteiramente na fantástica direcção da
Ana Nave e na realização e no muito bom-gosto da Patrícia Sequeira.

– Transportava essas emoções para a vida real?
– Durante estes dois meses, a Ana Belmonte invadiu completamente a minha vida. Ela de facto existiu e é tão diferente de mim que tive mesmo de deixar que ela tivesse o seu espaço. Para mim, restou-me um bocadinho da noite em que apenas deitava os meus filhos, lhes contava a história dos sonhos cor-de-rosa e azuis, preparava a roupa deles para o dia seguinte e deixava a lista dos afazeres domésticos. Logo a seguir mergulhava nos textos da série e adormecia já "vestida" de Ana Belmonte.

– No final das gravações emocionou-se. Foi um trabalho que a marcou…
– Marcou-me mesmo muito, porque foi um trabalho de equipa e com um toque muito feminino, sem ser feminista. Tem a acção e a dureza dos crimes (muito bem exemplificados até do ponto de vista da caracterização) e um lado mais sensível, que se revela em pequenos pormenores sem ser lamechas. Acho (claro que sou suspeita…) que se trata de um passo em frente na ficção nacional. O mérito é da realizadora e da SP, mas também da RTP, que apostou neste desafio. Tem um ritmo e um bom-gosto que não é muito comum em Portugal. Para mim foi um verdadeiro trabalho de actriz, que me permitiu trabalhar com um elenco maravilhoso e inspirador.
– O que se segue…
– Mais uma série do programa
Dá-me Música e também dos
Príncipes do Nada, que continuo a editar e que estará pronto a ir para o ar em breve. Fazer estes documentários é absolutamente vital para mim.
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