Nasceu numa família de escritores: a bisavó Fernanda de Castro, o bisavô António Ferro, o avô António Quadros e a tia Rita Ferro são nomes fortes da literatura portuguesa. Ainda assim, Rita Ferro Alvim garante não ter sentido o peso da responsabilidade dos apelidos que herdou quando chegou às suas mãos o primeiro exemplar do livro que acaba de lançar, Socorro! Sou mãe… – Como sobreviver com alegria ao primeiro mês de vida do bebé.
Formada em Marketing e Publicidade pelo IADE, e com uma pós-graduação em Comunicação e Imagem, Rita tem dedicado os últimos dez anos da sua vida profissional ao jornalismo, estando atualmente na SIC Notícias. Com o nascimento da primeira filha, Maria, hoje com 22 meses, surgiu a ideia de escrever um livro, mas a falta de disponibilidade – “porque o primeiro mês de vida dos bebés é dos mais difíceis na vida de uma mulher que se estreia na maternidade” – levou-a a adiar esse projeto até voltar a ser mãe, de Duarte, hoje com 11 meses. Ao lado do consultor Bernardo Alvim, com quem se casou em maio de 2008, Rita Ferro Alvim formou a família com que sempre sonhou, e da qual fala sempre com o maior orgulho.
– Vindo de uma família de escritores, não sentiu responsabilidade acrescida ao lançar este livro?
Rita Ferro Alvim – Sou bisneta, neta, sobrinha e irmã de pessoas que lançaram livros… Acho que, na nossa família, nascemos de caneta na mão! Não senti grande responsabilidade porque o tema é especial e bastante diferente dos da família, pelo que não senti grande pressão. A linguagem que uso é ligeira, como se estivesse a reproduzir uma conversa entre amigas. Mas não me considero escritora, como eles. Não me imagino a lançar, por exemplo, um romance, embora tenha gostado da sensação de ter terminado este livro. Agora quero ter outra boa ideia, mas numa área diferente.
– Alguém da sua família o leu antes de ser enviado para a editora?
– O livro começou por ser um molho de recortes para a minha irmã Maria Ana, que estava grávida, e que acabou por ser a primeira a lê-lo. O livro começou por ser uma compilação de informações que fui fazendo enquanto estive de licença de maternidade, sem que tivesse intenção de o publicar. Depois, tudo foi acontecendo rápida e naturalmente.
– Mas chegou a pedir-lhes conselhos?
– Pedi muitos conselhos à minha prima Marta [Gautier] e à tia Rita, claro, que se movem no mundo dos livros há muito tempo. Vibraram com as minhas conquistas, deram-me força, e elucidaram-me sempre que lhes telefonava para tirar dúvidas.
– Porquê escrever um livro sobre o início de vida de um primeiro filho, quando acaba de ser mãe do segundo?
– Porque no primeiro filho não se consegue! É muito difícil, senão praticamente impossível, escrever um livro nessa altura. Com o nascimento do Duarte, que coincidiu com a gravidez da minha irmã, surgiu a vontade de tentar passar informações que se desconhecem quando nasce o primeiro filho. Por isso, comecei a juntar recortes de revistas e jornais, mandava e-mails à minha irmã com tudo o que poderia acontecer nos primeiros meses de vida dos bebés, porque achava que a minha irmã mais nova não ia conseguir ser… mãe [risos]. De repente, tinha tanta informação reunida, que surgiu a ideia de editar um livro. E foi assim que nasceu este projeto, que só foi possível porque o Duarte foi sempre um bebé muito calminho, dormia imenso e portava-se lindamente. Mesmo assim não volto a juntar as duas coisas: ou um filho ou um livro! Digo sempre que tive gémeos: o livro deu-me tanto ou mais trabalho que o Duarte [risos].
– É importante que as mães tenham consciência de que tudo muda com a chegada de um bebé?
– Sim. É dos meses mais difíceis e complicados na vida de uma mulher, sobretudo porque muitas mães estão convencidas de que é tudo espetacular, que os bebés só comem e dormem, e esquecem-se de que têm de acordar de três em três horas para os alimentar… Tudo muda com a chegada de um bebé, até a relação do casal. E, por vezes, as mulheres são apanhadas de surpresa, já que não têm experiência.
– A verdade é que, ainda que se tenha noção do que é ter um primeiro filho, nunca se está verdadeiramente preparado…
– Nunca, quando são os nossos filhos tudo é novo e diferente. Lembro-me de que, quando estava grávida da Maria, já me irritava ouvir tanta gente dizer que devia aproveitar para dormir. E agora dou por mim a dizer às grávidas para dormirem! Se este livro ajudar em alguma coisa uma mãe já fico feliz. A minha intenção não é ensinar, é fazer despertar o instinto das mães que, por vezes, fica escondido e um pouco baralhado, e demora mais um pouco a aparecer, embora esteja sempre lá.
– No seu caso, o instinto maternal esteve sempre presente? A vontade de ser mãe, pelo menos, sempre demonstrou…
– A vontade, sim, sempre. Quando era criança sonhava que ia ser mãe, em adolescente sonhava que estava à espera de bebé. A minha vida fazia sentido assim. Ainda bem que apareceu o Bernardo na minha vida. Ser mãe é a minha grande concretização.
– E o Bernardo também estava preparado para esta fase? Como referiu, quando nascem os filhos a relação entre os casais é posta à prova…
– Completamente. Nós gostamos muito um do outro. Acho que não há nenhum segredo, o importante é gostarmos mesmo muito um do outro, e eu não imagino a minha vida sem o Bernardo.
– O papel do pai é fundamental, mesmo em termos logísticos, como ajudar a dar banhos, mudar fraldas ou encarregar-se dos irmãos mais velhos…
– É verdade, e o Bernardo sempre dividiu as tarefas comigo. Como o Duarte mamou durante sete meses, o Bernardo libertou-me mais com a Maria, ia passear com ela, dava-lhe as refeições… A nova geração de pais também é completamente diferente, tiveram de mudar a sua forma de estar, porque também não contamos com as mesmas ajudas. Os pais têm mesmo de ajudar, senão as mulheres dão em doidas!
Rita Ferro Alvim orgulhosa da sua família
“Sempre tive o sonho de ser mãe. É a maior concretização da minha vida”