A mulher de António Cordeiro esteve recentemente no programa “Júlia” para falar abertamente sobre a doença do marido, diagnosticado com paralisia supranuclear progressiva (PSP), doença rara e incurável. Helena Almeida garante que a situação do marido se mantém estável, sublinhando contudo não existirem melhorias, de acordo com os exames médicos a que António Cordeiro se submeteu recentemente.
O diagnóstico surgiu há três anos e, apesar de ser habitual o seu agravamento a partir do segundo ano, o ator continua a fazer alguns movimentos de forma independente e não depende ainda de cadeira de rodas. A patologia não tem medicação específica e por isso o ator tenta combatê-la com fármacos dirigidos à doença de Parkinson.
Além de cuidar do marido, tem também a seu cargo os sogros, de 85 e 86 anos, e a mãe. “Eu não tenho vida. A minha vida gira em torno do António. Sinto-me desamparada. Há alturas em que a pessoa se sente completamente desesperada.”
Admite que, até há um ano e quatro meses, não tinha carta de condução e que se viu forçada a enfrentar este desafio porque viu que “não havia ninguém que me trouxesse comida a casa (…) Tinha aulas de condução das sete às nove da manhã e deixava o António deitado. Aí estava tranquila porque houve uma altura em que ele caia 15 a 20 vezes por dia. Neste momento felizmente não”.
Contudo, admite que tem de o acompanhar em todos os movimentos pela casa, impedindo-a assim de mais quedas. Uma outra revelação surpreendente é o facto de o ator ter deixado de falar por acreditar que o seu tom de voz está diferente, uma alteração habitual neste quadro clínico. “Eu não falo porque não quero, porque a minha voz já não é a mesma. Eu sou ator, eu não quero falar”, terá dito António Cordeiro aos médicos. Apesar de reconhecer os gestos pelos quais o marido se expressa, Helena “força-o” a falar não respondendo aos seus pedidos sem que estes sejam articulados através da voz.
Também a questão financeira pesa no orçamento familiar, já que a reforma do marido de Helena demorou cerca de 10 meses a ser paga e esta se vê impedida de aceitar um emprego por ter de acompanhar o marido 24 horas por dia.
A saúde de Helena já lhe trouxe alguns dissabores, pois sofreu há cerca de nove anos uma paralisia facial, tendo passado por um diagnóstico duplo de nevralgia do trigémio e zona simultaneamente, num processo que durou cinco anos. Apesar de ter dores no presente não pode fazer a medicação porque a impediria de cuidar do marido a 100%.