
Simone Biles foi uma das ginastas americanas que esta quarta-feira, dia 15, se sentou perante o Comité Judicial do Senado para denunciar a falta de ação das autoridades desportivas, que permitiu que durante 20 anos o antigo médico da equipa feminina dos Estados Unidos, Larry Nassar, abusasse de várias atletas, entre as quais a própria Simone.
Emocionada, a ginasta de 24 anos pediu explicações. “Defraudaram-nos e devem-nos explicações. Um sistema inteiro permitiu e perpetrou” os abusos contra ela e contra centenas de outras jovens. “Culpo o Larry Nassar e todo o sistema que permitiu e perpetrou esse abuso. USA Gymnastics e o Comité Olímpicos e Paralímpico Americano sabiam que estava a sofrer abusos por parte do médico oficial da equipa”, assegurou.
A campeã olímpica do Rio 2016 apontou ainda o dedo ao FBI por ter “virado as costas” às ginastas, respondendo de forma lenta às primeiras acusações contra Nassar e permitindo assim que o médico ainda tivesse tido hipótese de prosseguir com os abusos durante meses. “Não quero que nenhum outro jovem desportistas olímpico e nenhum outro indivíduo sofra o horror que eu e outras centenas de jovens suportaram e continuam a suportar até hoje”, afirmou.
O Comité Judicial do Senado ouviu ainda outras três atletas olímpicas, McKayla Maroney, Maggie Nichols e Aly Raisman, que também acusam o antigo médico.
Larry Nassar cumpre pena de prisão perpétua, depois de ter sido condenado em 2017 e em 2018 por agressões sexuais a mais de 250 ginastas, na grande maioria menores, cometidas na federação de ginástica, na Universidade do Michigan e num ginásio em Lansing. Um relatório da inspeção geral do Departamento de Justiça criticou duramente o departamento do FBI de Indianápolis, onde o chefe da federação de ginástica denunciou pela primeira vez em 2015 o ex-médico.