Aquela adolescente que vimos dar os primeiros passos como atriz há cinco anos, na novela Prisioneira, já tem um percurso preenchido na área da representação, que até já ultrapassou fronteiras. Margarida Corceiro, de 21 anos, que integra o elenco da próxima novela da TVI, acaba de fazer dois projetos em Espanha: Citas Barcelona e Punto Nemo, que marcam a sua estreia no mercado internacional. A par disto, ainda dá a cara a várias campanhas publicitárias e é empresária desde que se tornou sócia da prima, Marta Matias, fundadora da Missus. Foi precisamente numa pool party onde foi apresentada a coleção de verão da marca de swimwear portuguesa, na Casa do Presidente, em Monsanto, que nos encontrámos com a atriz.
Margarida Corceiro sabe o valor que tem, mas vive sem deslumbramentos. Cresceu nestes últimos anos sob os holofotes e a sua vida amorosa deu muito que falar, primeiro o namoro de três anos com o futebolista João Félix, depois o alegado romance com o piloto Lando Norris. Aprendeu, por isso, a lidar cedo com a exposição pública e a gerir a informação de forma a não lhe fazer mossa. Diz ainda não ser escrava da imagem, mesmo sendo essa uma das suas ferramentas de trabalho. Mas vamos dar-lhe palco e ver o que Margarida tem para nos dizer.
– A sua imagem e o seu corpo são as suas ferramentas de trabalho. Sente algum tipo de pressão social para estar sempre bem?
Margarida Corceiro – Não sinto, porque já me habituei e é a minha realidade há vários anos, não sou nada rígida comigo e não sinto nenhuma pressão social, felizmente.
– É fundamentalista nos cuidados que tem com o corpo, com a pele, com a alimentação?
– Zero fundamentalista, mesmo. Tenho uma alimentação equilibrada, porque já a tinha em casa dos meus pais e dei apenas continuidade a isso, mas não restrinjo nada. Os cuidados com a pele já tenho vindo a ter mais alguns, mas porque, como disse anteriormente, a minha imagem é uma das ferramentas do meu trabalho e gosto de garantir que estou bem, com a pele hidratada e confortável.
– Como é que se lida com a rejeição quando se tem de trabalhar com a imagem?
– Aprendi cedo a ouvir vários “nãos” em castings e isso faz parte do nosso dia a dia enquanto atores. Há projetos que são para nós e outros não, muitas vezes nem está relacionado com a imagem, mas sim com o facto de a personagem/projeto ser ou não adequado para nós. Lido bem e aprendi que faz parte. Acredito que o que for mesmo para mim, com trabalho e empenho, cá chegará.
– Parece ser uma mulher segura. É mesmo assim ou há alturas em que a autoestima é ameaçada?
– Tento ser segura e tento estar sempre confortável, mas também acordo nos meus dias “não” e está tudo bem com isso. Sou uma pessoa como outra qualquer, e todos nós temos uns dias com mais confiança do que outros.
– Dizia numa entrevista à CARAS, em novembro último, que por ser bonita tinha de se esforçar o dobro para acreditarem no seu talento. Continua a sentir isso ou já a levam mais a sério?
– Não sinto que seja o dobro, mas que tenho de mostrar aquilo de que sou capaz para não ser só a “capa” do livro sem dúvida. Apesar disso, quero acreditar que esse estigma e preconceito já estão a cair em desuso e que já é mais comum não associar a beleza à incompetência, até porque não faz sentido absolutamente nenhum. Conheço pessoas muito bonitas realmente competentes e inteligentes.
– Isso é um mito que se criou e que, infelizmente, é perpetuado, mas estamos num bom caminho de afirmação enquanto mulheres?
– Sim. Estou confiante de que estamos no bom caminho e que o facto de termos liberdade para falar e para nos expressarmos sobre tudo faz toda a diferença.
– Nos últimos anos tem-se dado cada vez mais voz às mulheres. Sente isso?
– Sim, e ainda bem! Tenho uma família de mulheres incríveis, com percursos profissionais fabulosos, e isso só é possível por termos o acesso à liberdade que hoje em dia temos.
– Há muita rivalidade entre mulheres na área em que trabalha, nomeadamente como influenciadora?
– Eu não sinto rivalidade nenhuma, genuinamente.
– Recebe mais críticas do público feminino ou masculino?
– Não tenho essa contabilização presente, mas nas críticas construtivas (que são as que procuro reter) é capaz de ser equilibrado.
– A sororidade ainda é uma utopia ou começa a ser uma realidade?
– Não sinto que seja uma utopia. Tenho muitas amigas mulheres que me apoiam sem qualquer problema e vice-versa, do meio e fora dele.
– Depois de um namoro mediático com o João Félix, surgiram notícias que davam como certa uma relação com o piloto Lando Norris. Têm algum fundo de verdade?
– Vou optar por não responder a essa pergunta, porque tenho preferido guardar a minha vida íntima para mim. Quando tiver alguma coisa que ache relevante contar, prometo que o faço.
– Como é que lida com tudo o que se diz e escreve sobre si?
– Lido bem e percebo que faz parte do meu trabalho. Já aprendi a filtrar e, por opção pessoal, não tenho acesso nem a metade do que se escreve sobre mim.
– Aprendeu a arranjar armas para se defender? Quais?
– Percebi que o que escrevem sobre mim é muito mais sobre a pessoa que escreve do que realmente sobre mim, aprendi que muitas vezes saem coisas completamente não fundamentadas ou falsas pela necessidade de venda de alguns meios, e que há assuntos que não controlamos. E está tudo bem. Nós sabemos a verdade da nossa vida e isso é o que nos deve tranquilizar quando lemos alguma coisa que não nos agrada.
– As redes sociais podem ser um veículo obrigatório para quem tem um trabalho como o seu, mas não se sente asfixiada pelas mesmas?
– Obrigatório não é. Há muitos atores no mundo sem redes sociais. Não me sinto asfixiada em nenhum momento, aliás, se assim fosse, já não as teria.
– Consegue passar um dia off? Ou cria-lhe algum tipo de ansiedade não fazer scroll?
– Consigo, sim. Não me cria nenhuma ansiedade em termos pessoais, muitas vezes gera é preocupação em termos profissionais, porque, felizmente, tenho muitos compromissos a decorrer e quando estou mais off preocupo-me, mas quando vou de férias desligo e sabe-me muito bem.
– Diz que os seus pais sempre a ensinaram a ser humilde e a nunca se deslumbrar. É, no entanto, uma tarefa difícil quando se é tão nova e se tem acesso a tanta coisa que não está ao alcance da maioria dos jovens da sua idade.
– Para os meus pais eu sou a Magui fora da televisão, das campanhas, das redes sociais. Puxam-me sempre para a realidade, mas de uma forma muito natural, porque eu por acaso até acho que consigo perceber os privilégios a que tenho acesso, devido à minha profissão, e perceber que as vidas não são todas assim.
– Quem é a Margarida longe dos holofotes?
– É muito parecida com a Margarida sob os holofotes, na verdade. Eu procuro não perder a minha essência só por estar a trabalhar. Sou eu na mesma, e isso é o que quero continuar a fazer.
– Continua a saber lidar bem com o seu lado público?
– Sim. Gosto muito que me transmitam feedback sobre o meu trabalho e sinto-me muito acarinhada pelo público.
– Acaba de dar os primeiros passos além-fronteiras, com os projetos Citas Barcelona e Punto Nemo, que fez em Espanha. Como é que surgiu a oportunidade?
– É verdade, e não podia estar mais feliz. Tenho cumprido os meus objetivos e com 21 anos é realmente gratificante, nem eu sonhava que fosse tão cedo. A oportunidade surgiu através da minha equipa de acting e aceitei assim que soube o que era.
– Nesses projetos trabalha com grandes nomes da representação. É uma responsabilidade acrescida?
– Sim, completamente. Em Punto Nemo, por exemplo, tive a oportunidade de trabalhar com a Sara Matos, somos as únicas portuguesas no projeto. Adorei a Sara, a Alba Flores, a Nawja Nimri, o Maxi Iglesias… Foi realmente incrível e fui muito bem recebida por todos.
– Alia a carreira na representação com o papel de empresária…
– Sim, a Missus começou por ser uma paixão da Marta e rapidamente se tornou uma paixão minha, de tal forma que aceitei o convite dela para me tornar sócia do projeto.
– É fácil trabalhar com a família?
– O único exemplo que tenho é mesmo com a Marta e tem corrido tudo muito bem. Ouvimo-nos muito uma à outra e tem funcionado.