À espera do nascimento do
seu terceiro bisneto – ou bisneta, pois Kate e William não
quiseram revelar o sexo do bebé –, a rainha Isabel II de Inglaterra, de
87 anos, e o seu consorte, o príncipe Filipe, de 92, não constituíram
uma família tão numerosa como, por exemplo, a dos seus trisavós comuns, a
rainha Victoria e o príncipe Alberto, que tiveram nove filhos. Um
vasto clã que Victoria soube “usar” a seu favor – ou seja, de Inglaterra –, urdindo
alianças matrimoniais com as principais coroas europeias, de tal forma que
também descendem diretamente desta união os atuais reis da Bélgica, Dinamarca,
Noruega, Espanha e Suécia.
Quando Isabel uniu o seu destino ao de Filipe Mountbatten, em novembro de 1947,
tinham passado 107 desde que Victoria se casara com Alberto de Saxe
Coburgo-Gotha, seu primo direito (com o qual, curiosamente, formaria um par
muito apaixonado, como o relatam os seus diários). Um século em que as
mentalidades mudaram de forma muito radical. Em boa parte devido ao facto de
muitas monarquias terem dado lugar a regimes republicanos, os casamentos reais
por conveniência política tinham deixado de fazer sentido. De tal forma que
Isabel, então princesa herdeira do trono de Inglaterra, pôde escolher o seu
futuro marido, um primo afastado por quem se tomou de amores era ainda
adolescente.
A descendência que a atual monarca e o marido asseguraram, pode, ainda assim,
ser considerada muito razoável, pois deram ao trono do Reino Unido uma boa
lista de possíveis herdeiros: quatro filhos – Carlos, Ana, André
e Eduardo –, oito netos – Peter, Zara, William, Harry,
Beatrice, Eugenie, Louise e James – e, até ao
momento, duas bisnetas, Savannah e Isla. Se o nascimento de cada
um deles foi vivido em clima de festa pelos britânicos mais fervorosos em
relação à monarquia, os dos que se encontram nos primeiros lugares da linha de
sucessão foram, naturalmente, celebrados com total euforia.
Isabel ficou grávida três meses depois do casamento. Apesar de sofrer de
enjoos, conseguiu manter a notícia dentro das portas de Clarence House, onde
então residia, até ao início do verão, quando um discreto comunicado da Casa
Real anunciou que a partir do final de junho a princesa cancelaria todos os
seus compromissos oficiais.
Carlos nasceu às 21h00 de 14 de novembro de 1948, no Palácio de Buckingham,
casa dos seus avós maternos, os reis Jorge VI e Isabel (que ficaria
conhecida por rainha-mãe).
Apesar de a noite estar fria, no exterior do palácio reunira-se uma multidão
eufórica, que durante três horas cantou e deu vivas ao pequeno príncipe com
tanto entusiasmo que por volta da meia-noite os oficiais da Guarda Real tiveram
que lhes pedir silêncio, dizendo: “A princesa precisa de descansar.”
O nascimento de um herdeiro, ainda por cima rapaz, num tempo em que a sucessão
se fazia por via varonil, foi uma distração que os ingleses, a braços com a
recuperação do Pós-Guerra, com taxas de desemprego elevadíssimas e sujeitos a
apertados racionamentos, receberam em verdadeiro clima de festa. No dia
seguinte, as fontes de Trafalgar Square, em Londres, iluminaram-se de azul e os
sinos repicaram em todas as aldeias, vilas e cidades do reino.
A 15 de agosto de 1950 nasceria a única menina, Ana, a 19 de fevereiro de 1960
André, atual duque de York, e a 10 de março de 1964 chegaria o benjamim da
família, Eduardo, hoje conde de Wessex.
Foi a própria Isabel II que tornou pública a notícia do nascimento do seu
primeiro neto, Peter Phillips. Sempre pontual, no dia 15 de novembro de 1977 a
soberana chegou dez minutos atrasada a uma cerimónia de investidura em
Buckingham. E foi com um sorriso encantado que revelou o motivo que a tinha
detido: “Peço desculpa pelo atraso, mas recebi uma mensagem do hospital. A
minha filha acaba de ter um rapaz.”
Cumprindo-se a tradição, no dia seguinte seria disparada uma salva de 21
canhões na Torre de Londres. Quanto ao resto, tudo foi diferente com este bebé.
Nascido do primeiro casamento da princesa Ana, com o então capitão Mark
Phillips, foi o primeiro membro da família a vir ao mundo num hospital e
não na privacidade palaciana. Foi também o primeiro cujo pai assistiu ao parto.
E ainda o primeiro na sua família, em mais de 500 anos, a não receber um título
real, por vontade expressa da mãe. Peter ocupou o quinto lugar na linha de
sucessão entre 1977 e 1982, ano em que o seu primo William nasceu. O
sexto lugar desta tabela foi ocupado, entre 81 e 82, pela sua irmã, Zara, que
nasceu a 15 de maio de 81.
Carlos e Diana estavam casados há apenas quatro meses quando o Palácio
de Buckingham anunciou que iam ser pais. Por essa altura, a princesa de Gales,
que tinha apenas 20 anos, já tinha levantado fortes suspeitas de que poderia
estar grávida, quando, numa visita a uma maternidade no País de Gales,
exclamou: “Oh! Bebés!”, e pediu para falar com algumas das recentes mães
sobre a experiência que acabavam de viver.
Diana enjoou muito durante a gravidez e esteve 16 horas em trabalho de parto,
mas nada disso a impediu de manter a sua agenda oficial nem de viver com enorme
alegria o nascimento do seu primeiro filho, William, no dia 21 de junho de
1982, às 21h30, no St. Mary’s Hospital de Londres.
Visivelmente feliz, o príncipe Carlos, que permaneceu ao lado da mulher desde
que ela deu entrada no hospital, às 5h00 da madrugada anterior, veio ao
exterior falar com os jornalistas que ali se aglomeravam e declarou: “Senti
um enorme alívio quando tudo acabou!” E adiantou: “A princesa está bem e
o bebé é adorável. É maravilhoso e porta-se bem!”
Toda a família vibrou com este nascimento. Isabel II, que passava a ter a sua
sucessão assegurada por duas gerações, disse-se “absolutamente encantada”,
enquanto a rainha-mãe, na altura já com 81 anos, se sentiu “rejubilante”
por voltar a ser bisavó.
A 5 de setembro de 1984 nasceu Harry, que já tinha quatro anos quando o seu tio
André e a sua tia Sarah Ferguson, casados desde julho de 86, foram pais
de Beatrice, a 8 de agosto de 1988. Menos de dois anos depois, a 23 de março de
90, esta ganhou uma irmã, Eugenie.
Se o príncipe Carlos só
constituiu família aos 34 anos, o seu irmão Eduardo ainda o superou: já tinha
35 anos quando se casou com Sophie Rhys-Jones, de 34 anos, a 19 de junho
de 1999. A duquesa de Wessex teve alguma dificuldade em engravidar, e só quatro
anos depois deu à luz Lady Louise. Em dezembro de 2007 nasceu o irmão
desta, James, visconde Severn, oitavo na linha de sucessão ao trono até nascer
o filho de William.
Isabel II foi bisavó pela primeira vez a 28 de dezembro de 2010, com o
nascimento de Savannah, filha de Peter e Autumn Philips, que tiveram
outra rapariga, Isla, a 30 de março de 2012. Pouco mais de um ano depois, a soberana
prepara-se para dar colo a mais um bebé da terceira geração da sua
descendência. Mas este(a) será, sem dúvida, especial. Porque é aquele(a) que um
dia se sentará no secular trono de Inglaterra. Nessa altura, Isabel já terá
partido há muito, mas hoje não poderá deixar de imaginar como será esse futuro
rei. E não terá dúvidas que será em tudo bem diferente dela e dos seus
antecessores. Porque se nos seus longos 61 anos de reinado a monarca já viu o
mundo mudar tanto, forçando-a – de forma mais ou menos voluntária – a enormes
adaptações, muito mais inovações se esperam de um Windsor que não nascerá num
palácio, não terá amas de leite nem precetoras particulares. E terá nas
veias 50 por cento de sangue plebeu…
A vasta descendência assegurada por Isabel II
O filho de William e Catherine, que pode nascer a qualquer momento, é o terceiro na linha de sucessão ao trono.
+ Vistos
Mais na Caras
Mais Notícias
Parceria TIN/Público
A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites