
Grão-duques Henri e Maria Teresa do Luxemburgo
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O momento é tenso na Casa Grã Ducal do Luxemburgo. Há alguns meses o governo do país pediu um relatório alargado sobre os gastos da monarquia. Paralelamente a imprensa local afirmou que a Grã-duquesa Maria Teresa era a responsável pela saída de cerca de 30 funcionários do palácio desde 2015, porque, alegadamente, criaria mau ambiente a quem para si trabalha.
Foi o antigo diretor da Inspeção Geral das Finaças Jeannot Waringo, quem ficou encarregue da elaboração desde relatório, que foi tornado público esta sexta-feira, dia 31. O documento tem 43 páginas e será apresentado aos membros do Comité de Instituições e Revisão Constitucional da Câmara dos Deputados a 5 de fevereiro.
“Desde os primeiros dias da minha presença no palácio senti uma certa ansiedade nos empregados, como medo de serem castigados ou de perderem o seu trabalho”, relata Waringo, que descreve o ambiente no palácio como tenso.
De acordo com os números que conseguiu apurar, entre 2014 e 2019 foram não 30, como a imprensa afirmava, mas 51 os trabalhadores que deixaram o seu posto de trabalho, sem contar com que os se reformaram. Desse total, 16 despediram-se, 11 foram despedidos e a oito foi-lhes rescindido o contrato. “Há sinais que não enganam. Dei-me conta de que nas conversações entre colegas a jovialidade e o humor são raros. Todos medem bem as suas palavras”, aponta.
“Gostaria de dizer honestamente, e correndo o risco de ser mal interpretado, que na cadeia de tomada de decisões no palácio, especialmente na área da gestão de recursos humanos, o papel que deveria exercer a Grã-duquesa devia ser meramente representativo. Devemos reformar o funcionamento da nossa monarquia neste ponto essencial”, continua, mostrando-se crítico em relação à ausência de um processo claro de recrutamento e à falta de comunicação interna.
Esta sexta-feira, o palácio emitiu um comunicado afirmando ter tomado conhecimento da finalização do relatório de Waringo. “Pelo interesse de uma maior transparência e modernização, a Corte fará uma contribuição construtiva para a implementação das melhores propostas deste relatório”, pode ler-se no comunicado.
De salientar ainda que a monarquia luxemburguesa conta com um total de 89 empregados a tempo inteiro e 17 que realizam tarefas pontuais. Todos eles se dividem entre o palácio, dois castelos e outras propriedades da família real. As conclusões de Waringo sobre as condições de trabalho são claras: “A gestão dos recursos humanos gera numerosas questões”, afirma, sublinhando a importância de tomar medidas para combater a tensão existente entre os funcionários. “Se os trabalhadores se sentem expostos a pressões constantemente, o seu comportamento pode mudar radicalmente. Ficarão doentes muito mais vezes e procurarão mudar de emprego o mais rapidamente possível.”