Hoje, dia 6 de setembro de 2022, quando Liz Truss – que já fez campanha pelo fim da monarquia – se tornou oficialmente a nova primeira-ministra do Reino Unido, na sequência da renúncia de Boris Johnson, todos os olhares estiveram mais centrados na rainha Isabel II do que na ex-secretária dos Negócios Estrangeiros, de 47 anos.
A rainha, de 96 anos, apresenta um estado de debilidade física que preocupa. A cerimónia decorreu em Balmoral, na Escócia, uma vez que os problemas de saúde da rainha condicionaram o seu regresso a Londres. A última vez que a entrega do poder ocorreu em Balmoral foi em 1885, quando a rainha Vitória estava no trono. Normalmente, o primeiro-ministro de saída e o novo têm encontro marcado com a rainha numa breve sessão no Palácio de Buckingham, no centro de Londres.
Os problemas de saúde que condicionam a mobilidade a Isabel II já são sobejamente conhecidos desde que a rainha – muito contra a sua vontade, mas a conselho médico – passou a usar uma bengala para se apoiar nas suas deslocações. Mas durante a audiência com a nova primeira-ministra, em Balmoral, foi possível tomar consciência do verdadeiro estado físico de Isabel II, que tem delegado nos príncipes Carlos e William a maioria das obrigações da sua agenda enquanto monarca. Isabel II move-se muito pouco e com maior dificuldade, está bastante mais magra e apresenta uma grande mancha arroxeada na mão que fez disparar muitos alarmes e lançou alguma preocupação entre os britânicos.
Isabel II de Inglaterra, há 70 anos rainha, sempre foi uma mulher com grande sentido de responsabilidade e vitalidade. Ainda antes da pandemia de COVID-19 a obrigar a recolher-se no Castelo de Windsor – sua atual residência oficial – , a rainha mostrava estar em grande forma para a sua idade. Porém, a morte do marido, o príncipe Philip, em abril de 2021, foi um golpe demasiado duro para a soberana. Em outubro de 2021, a rainha assumiu pela primeira vez a necessidade de usar uma bengala para se deslocar num compromisso público e a partir daí o seu estado de saúde tem-se agravado. Mesmo durante as comemorações do seu Jubileu de Platina, em junho deste ano, Isabel II não foi capaz de estar presente em diversos compromissos oficiais. Sabe-se que muito pelos seus problemas de mobilidade, mas também para permitir que os britânicos se vão habituando à sua ausência e olhem para o príncipe Carlos como o seu legítimo sucessor. Foi essa a vontade que Isabel II expressou numa carta que dirigiu aos britânicos no início das celebrações que assinalaram a marca história de 70 anos como rainha.
Para este declínio também devem contribuir os conflitos que opõem Harry – diz-se que em tempos o seu neto preferido – à família real e as constantes polémicas que levantam as acusações que os duques de Sussex continuam a fazer à instituição monárquica e, por vezes, até a alguns membros da família real. Harry e Meghan estão esta semana em solo britânico, alojados na casa que a rainha lhes deu como presente de casamento em Windsor, mas não há notícia de que neto e avó já se tenham encontrado.
Numa fase em que muitas tradições têm sido quebradas para não piorar a saúde muito débil da monarca, não se sabe ainda se a monarca regressará em breve ao Castelo de Windsor, onde fixou residência após a morte do seu marido, ou estenderá o habitual período de férias em Balmoral. Quando regressar a Windsor, Isabel II terá como novos vizinhos os duques de Cambridge que se mudaram na semana passada com os seus três filhos, os príncipes George, Charlotte e Louis para Adelaide Cottage, uma casa de quatro quartos situada dentro da zona protegida do castelo, que fica a poucos minutos a pé da residência oficial da monarca.