Também conhecido como casa de férias da realeza, o Castelo de Balmoral era o refúgio preferido de Isabel II e foi lá que morreu, na passada quinta-feira. Localizada numa região remota do norte da Escócia, no município de Aberdeenshire, a propriedade foi oferecida pelo príncipe Alberto à mulher, a rainha Vitória, em 1852 e quatro anos mais tarde foi construído o castelo. Embora permaneça em grande parte idêntico ao que era durante o reinado da rainha Vitória, sucessivos proprietários reais têm vindo a introduzir melhorias no espaço e alguns alargamentos da construção.
Cenário de vários momentos marcantes da história da monarquia britânica, foi no Castelo de Balmoral que nasceu, a 24 de outubro de 1887, a rainha Vitória Eugenia de Battenberg, bisavó de Filipe VI de Espanha. Ali terminaram a sua lua de mel Carlos e Diana e foi também lá que a família recebeu a notícia da morte da princesa do povo, em 1997. Se o Palácio de Buckingham era a residência e escritório oficiais dos soberanos britânicos, Balmoral sempre representou um refúgio.
Poucos dias antes da morte de Isabel II, cuja saúde estava já bastante debilitada e impedia grandes deslocações, foi também em Balmoral que a soberana deu as boas-vindas à nova primeira-ministra e sucessora de Boris Johnson, Liz Truss, que brando a tradição de o fazer em Buckingham. Contudo, não era invulgar Isabel II convidar os primeiros-ministros para a sua residência em Balmoral, experiência que ex-primeiro-ministro Tony Blair descreveu como “intrigante e surreal”, relembrado um almoço em específico em que o príncipe Philip preparou o churrasco e Isabel II levantou os pratos da mesa depois de perguntar se todos tinham terminado, causando-lhe enorme surpresa.
Já a antiga primeira-ministra Margaret Thatcher descrevia as visitas ao castelo como uma espécie de “purgatório”, em que todos se sentiam desconfortáveis a aparentar uma casualidade impossível dada a condição dos anfitriões.
Em 1972, o ex-fotógrafo real Lord Lichfield contou à revista Town & Country que em Balmoral a família real “age como pessoas normais, até certo ponto, almoçam sempre ao ar livre e saem todos os dias para caminhar”, explicando que o ambiente geral era de descontração.
Num documentário estreado em 2016, Eugenie, uma das netas da rainha, filha do príncipe André e de Sarah Ferguson, revelou que a avó lhe confessou que era mais feliz em Balmoral. “É um lugar lindo para avó, para o avô e para nós irmos vê-los, onde há espaço para respirar e correr”, declarou. Agora, o Castelo de Balmoral fica também marcado para a história como o lugar onde Isabel II deu o seu último suspiro.