Liz Truss renunciou ao cargo de primeira-ministra britânica, na tarde desta quinta-feira, dia 20 de outubro, com apenas 45 dias de mandato, entrando para História como a primeira-ministra que menos tempo esteve à frente do cargo no Reino Unido.
A sucessora de Boris Johnson viu as suas funções marcadas por um período luto pela morte da antiga monarca britânica, de caos político e de turbulência económica, após ter tentado reparar a crise que fez com que a libra desvalorizasse o que, consequentemente, fez disparar o custo da dívida dos britânicos e, para evitar falência de vários fundos de pensão, o Banco de Inglaterra viu-se obrigado a intervir.
Assim, um dia após ter declarado que era “uma lutadora e não uma desistente”, a conservadora apresentou a sua demissão, afirmando: “Não posso cumprir o mandato”, referindo-se ao cargo para que foi nomeada a 6 de setembro pela rainha Isabel II. Após várias demissões, incluindo a do Ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, e a da Ministra do Interior, Suella Braverman, a instabilidade no Governo aumentou e fez com que Truss cedesse à pressão do Partido Conservador.
Quem também fica indiretamente ‘prejudicado’ é o novo monarca, Carlos III, que não vai ter a vida fácil ao ter de nomear um novo primeiro-ministro tendo ocupado o trono há tão pouco tempo. A decisão de Liz Truss levanta dúvidas sobre o futuro institucional de Buckingham e origina mais instabilidade para o governo do monarca britânico. Uma situação semelhante – em que o rei teve de nomear um primeiro-ministro ocupando o cargo de monarca há pouco tempo – não acontece desde 1830, quando William IV teve de nomear Charles Grey como primeiro-ministro, 155 dias após assumir o trono.
Perante a renúncia da líder do Partido Conservador ao cargo, nas redes sociais estão a tornar-se virais memes sobre a situação. Muitos utilizadores não perderam a oportunidade para brincar com a situação, após vários órgãos de comunicação internacionais terem comparado o tempo de governação da primeira-ministra com o prazo de validade uma alface. “Tirem os 10 dias de luto depois da morte da rainha Isabel II e ela terá sete dias no controlo. Essa é a vida útil de uma alface”, dizia um texto publicado pelo “The Economist” na última terça-feira.
Em comunicado, Liz justificou a sua decisão: “Assumi o cargo num momento de grande instabilidade económica e internacional. Famílias e empresas estavam preocupadas com o pagamento das contas. A guerra ilegal de Putin na Ucrânia ameaça a segurança de todo o nosso continente e o nosso país foi retido por muito tempo pelo baixo crescimento económico. Fui eleita pelo Partido Conservador com mandato para mudar isso. Definimos uma visão para uma economia com impostos baixos e alto crescimento – que tiraria vantagem das liberdades do Brexit. Mas reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Portanto, falei com Sua Majestade o Rei para notificá-lo de que renuncio ao cargo de Líder do Partido Conservador. Esta manhã estive com o presidente da Comissão 1922 [Grupo parlamentar do Partido Conservador], Sir Graham Brady, e concordámos que haverá eleição para a liderança na próxima semana. Isso garantirá que continuemos no caminho para entregar os planos fiscais e manter a estabilidade económica e a segurança nacional de nosso país. Permanecerei como primeira-ministra até que um sucessor seja escolhido”, refere o comunicado.