Desde que saiu da sua Madeira natal para perseguir o seu sonho, Dino Gonçalves prometeu a si mesmo que voltaria sempre, todos os meses. E assim é. “Viajo muito, mas aqui é o único lugar onde consigo dormir bem. Aqui venho para a minha cama de sempre, para o meu quarto de criança, e consigo arrumar a cabeça”, confessou à CARAS.
Ao lado da irmã, Bebiana Gonçalves, o designer de interiores decidiu mostrar-nos, orgulhosamente, “uma Madeira mais plural, mais sofisticada”. “A Bebiana é, dos meus três irmãos, a mais parecida comigo. Somos muito cúmplices e sempre fomos muito amigos”, explicou, durante uma entrevista repleta de honestidade.
– Foi na Madeira que tudo começou. Em que medida é que vem buscar inspiração à sua ilha?
Dino Gonçalves – Toda esta ilha é uma inspiração. A Madeira tem casas e hotéis lindos, tem paisagens únicas, onde até os relevos e os calhaus me inspiram. Consigo inspirar-me numa casca do tronco de uma bananeira. Daí consigo criar um padrão, de um padrão consigo criar um tecido, de um tecido um papel de parede e a partir daí consigo fazer uma decoração.
– Regressar à Madeira é regressar a casa?
– Sem dúvida! Quando fui para Lisboa, tive sempre a noção de que a minha casa lá era provisória. Já na Madeira, sinto que é tudo definitivo, é aqui que me reconheço. E tenho o melhor dos dois mundos: vivo em Lisboa e consigo vir cá muitas vezes.
– Como é que crescer na Madeira influenciou a pessoa que é hoje?
– Quando eu era criança não havia internet e o que chegava aqui eram as revistas, que pedia à minha mãe para comprar. Ficava sequioso por ver as revistas de decoração e a !Hola!, e sempre disse que um dia ia fazer aquilo. E eu, que estava rodeado de mar, sabia que tinha que sair daqui para conseguir mostrar a minha criatividade. Se tivesse crescido em Lisboa e se tivesse tido acesso a mais coisas enquanto criança, tenho a certeza que não era o Dino que sou hoje. Sou fruto das minhas circunstâncias, cresci numa família ótima, os meus pais sempre me ensinaram a batalhar pelo que quero e foi sempre isso que fiz. Tenho sede de fazer mais e melhor, tenho sempre este bicho cá dentro… Mas às vezes também me canso de mim mesmo.
– A verdade é que o seu desejo concretizou-se e o Dino tem conquistado o mundo com as suas decorações. É um orgulho constatar que chega a tanta gente com o seu trabalho?
– O mais possível. Tudo isto é muito importante, mas quando viajo e me perguntam de onde sou, a reação das pessoas, quando sabem que venho de uma ilha, é engraçada. Acham-me muito sofisticado e pensam que sou da Arábia ou de Istambul, mas foi a simplicidade da ilha que fez isto.
Foto: Nuno Andrade
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1203 da revista CARAS.
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