O papel de agente de investigação parece assentar-lhe na perfeição. Depois de oito anos a protagonizar a série Castle, na qual deu vida à detetive Kate Beckett, que lhe valeu vários prémios, entre os quais alguns People’s Choice Awards, Stana Katic volta a dar que falar com o seu desempenho em Absentia, série na qual interpreta uma agente do FBI (Emily Byrne) e cuja terceira temporada acaba de ser disponibilizada no canal AXN Now.
Natural do Canadá, filha de um casal de imigrantes sérvios da Croácia, Stana estudou Relações Internacionais em Toronto antes de partir para os Estados Unidos, onde se formou na área da representação. Foi lá que conheceu o marido, Kris Brkljac, um consultor de negócios bem-sucedido com quem manteve um longo namoro antes de subir ao altar.
“Reconhecer os erros que cometi no passado é uma oportunidade de aprender uma lição de humildade.”
O casamento aconteceu em abril de 2005, num mosteiro privado da família na costa da Dalmácia, na Croácia, mas pouco mais se sabe da sua vida privada. Muito discreta, Stana anunciou, em outubro de 2001, que iria manter-se afastada durante uns tempos, tanto das redes sociais como dos compromissos profissionais. Cumpriu o que dissera e só recentemente se soube que a atriz, de 44 anos, tinha sido mãe no último inverno, desconhecendo-se a data de nascimento ou o sexo do bebé. A residir atualmente em Los Angeles, a atriz tem dedicado parte do seu tempo a alguns projetos filantrópicos ligados às áreas do ambiente e da educação e da saúde infantiis.
– Sei que fala fluentemente quatro línguas [inglês, francês, italiano e sérvio]. Aprender português pode ser o seu próximo desafio?
Stana Katic – Claro que sim! Vou a Portugal, passeio, provo a vossa gastronomia, danço com pessoas na rua enquanto aprendo português.
“Aprender português pode ser o próximo desafio, claro. Vou a Portugal, passeio, provo a vossa gastronomia, danço com pessoas na rua enquanto aprendo português.”
– Já esteve anteriormente em Portugal?
– Sim, já estive, por ocasião do lançamento da segunda temporada de Absentia, e consegui ver um pouco das ruas de Lisboa, mas nada mais.
– Reteve na memória alguma coisa em particular?
– Infelizmente, passei a maior parte do tempo dentro do hotel, mas consegui ir a uns restaurantes ótimos.
“Nesta fase louca que atravessamos, as pessoas precisam de se agarrara mensagens positivas, de esperança.”
– A história desta série, Absentia, é muito pesada e intensa. Que ferramentas usou para se conseguir desligar ao final do dia? Li algures que o seu pai a ensinou a cantar bem alto no carro no caminho de regresso a casa…
– É verdade, E tomar duches quando chego a casa. Ajudam a limpar a sujidade, o sangue e o dia…
– Funciona?
– Sim, isso e um mojito [risos].
– Acredita que os papéis que tem interpretado, de personagens femininas fortes, podem ser inspiradores para mulheres de todo o mundo?
– Hum… não sei. Se as personagens forem empoderadas, espero que as possam ver e ajudar a dar uma perspetiva diferente do quanto as mulheres têm para oferecer.
– O que gosta de fazer no seu tempo livre?
– Muitas coisas que neste momento não posso fazer. Gosto de fazer ioga e caminhadas, ler, viajar e explorar o mundo. Tenho sorte, porque tenho tido oportunidade de visitar partes extraordinárias do planeta, como a Mongólia e a Índia. Testemunhar as culturas localmente, a sua história, tem sido um grande presente.
– Já marcou a sua próxima viagem?
– Ainda não, porque ainda não sei muito bem o que vou fazer profissionalmente nos próximos tempos, mas acho que a próxima viagem será à China, embora seja razoável aguardar um pouco antes de a marcar.
“Gosto de fazer iogae caminhadas, ler, viajar e explorar o mundo, de testemunhar as culturas localmente.”
– Podemos esperar a quarta série de Absentia?
– Eu gostaria que isso acontecesse, sim. Acho que há uma versão da série que se pode passar no futuro e talvez se possa focar na personagem de Flynn [o filho da sua personagem], que já seria adulto. Seria interessante ver o percurso dele e entrar no seu mundo. Nós, enquanto equipa, decidimos fechar a terceira temporada porque trouxemos a personagem de uma situação em que estava muito destruída e levámo-la a uma posição de grande empoderamento. Pareceu-nos um percurso maravilhoso e um final muito satisfatório para aquela família, que também estava muito destruída e dividida. Acho que é um bom final acabar a série com a esperança de que Emily está a viver uma vida maravilhosa, apaixonada e com um propósito de vida.
– Essa mensagem torna-se ainda mais importante depois de o mundo ter, como referiu, acabado de passar por uma pandemia. As pessoas precisam de ter esperança, de assistir a finais felizes?
– Sim. Durante a pandemia, lembro-me de, a determinada altura, dar comigo a pensar na minha bisavó e em tudo aquilo a que ela sobreviveu. Passou pela Segunda Guerra Mundial, por várias perdas, e, de repente, eu estava a viver a mesma coisa, embora numa perspetiva diferente. Estava a ter uma maior perceção do que eles devem ter passado e pensei: se ela foi capaz de passar por tudo aquilo e, ainda assim, conseguiu encontrar uma luz, um sorriso, eu também consigo fazê-lo. Esta personagem, depois de tudo aquilo por que passou, é capaz de encontrar essa luz de novo, e ter um sentido de missão, de propósito de vida, de esperança. Por isso, sim, talvez, de certo modo, seja uma mensagem de esperança à qual as pessoas se possam agarrar nesta fase de loucura que estamos a atravessar.
“No final das gravações, tomo um duche: ajuda-me a limpar a sujidade e a desligar do dia. Isso e um ‘mojito’.”
– Se pudesse escolher, preferia espreitar o futuro ou mudar algo do seu passado?
– Se mudasse algo do meu passado, poderia não estar aqui neste momento. Por isso tenho de aceitar tudo, mesmo aquelas coisas das quais me orgulho menos. De certa forma, é bonito olhar para trás e ver tudo o que fiz de bom, mas também reconhecer os erros que cometi ao longo do caminho, já que é uma oportunidade de aprender uma lição de humildade e compaixão que creio ser fundamental para o mundo em geral.
Stana Katic dá os parabéns à CARAS pelos seus 27 anos de aniversário.
Veja o vídeo abaixo.